“Considerada por muitos como a catedral do teatro amador do nosso concelho, a Sociedade de Instrução Tavaredense está a comemorar noventa anos de existência brilhante, sendo unanimemente realçada a sua acção dentro do movimento associativo, a influência pedagógica que, ao longo dos anos, tem positivamente exercido dentro da sua comunidade e, a sua faceta culturalmente mais válida, o trabalho que desde sempre desenvolveu em prol do Teatro.
E hoje a SIT, neste seu ciclo “post José Ribeiro”, soube continuar a lição do Mestre, para nos voltar a surgir com uma pujança e validade que certos “velhos do Restelo” talvez ousassem arquivar na descrença. Bastaria atentar no programa comemorativo deste aniversário para se ter a certeza de que o concelho da Figueira pode continuar a orgulhar-se desta colectividade, que, numa renovada leitura e interpretação dos desejos dos tavaredenses, não busca apenas no Teatro corresponder às solicitações dos seus associados.
‘Omara’ 1994E hoje a SIT, neste seu ciclo “post José Ribeiro”, soube continuar a lição do Mestre, para nos voltar a surgir com uma pujança e validade que certos “velhos do Restelo” talvez ousassem arquivar na descrença. Bastaria atentar no programa comemorativo deste aniversário para se ter a certeza de que o concelho da Figueira pode continuar a orgulhar-se desta colectividade, que, numa renovada leitura e interpretação dos desejos dos tavaredenses, não busca apenas no Teatro corresponder às solicitações dos seus associados.
Amanhã, vai assinalar-se a Grande Noite do Teatro, com a estreia da peça de Sigfredo Gordon “Omara”, numa tradução de José Ribeiro. Em “Omara”, peça de premente realismo, o autor oferece-nos o drama de uma mãe que ama o seu filho com tão excessivo e doentio ardor, que não se resigna a perdê-lo quando descobre que ele tem uma noiva”, escreveu ‘O Figueirense’.
‘Há trinta anos vivia eu a cerca de seis léguas da Figueira, mas chegavam ali ecos da actividade teatral em Tavarede… Amado, de nome, e amador de uns tantos ofícios em minha vida, houve uma altura em que me deu, também, para ensaiar uns “teatros”. Preparação especifica não tinha, pelo que tive de estudar umas coisitas, aproximar-me de entendidos nestas áreas e… avançar!
Sei que um dos primeiros passos que dei foi na direcção da terra do limonete. E aí vinha eu, com os homens do clube lá da terra (os quais pouco mais tinham em seus horizontes que uns bailes de vez em quanto…), até à capital do Teatro, que era, na altura, muito justamente, e continua a ser hoje, a freguesia de Tavarede. Figura emblemática de todas estas andanças era a pessoa de José da Silva Ribeiro com quem tive o privilégio de contactar por diversas vezes; em algumas delas recebi preciosos ensinamentos e prestimosa colaboração na cedência de adereços e cenários diversos.
Os anos iam passando, a minha situação sócio-profissional haveria de ser também alterada, até que… não sei por que bula, vim a cair, de novo, por onde havia começado a minha vida prática – a Figueira da Foz. Uma vez aqui, e desde há uma dezena de anos, mais e mais venho admirando Tavarede, quero dizer, todo o interesse e carinho que as suas gentes vêm manifestando pela arte de Talma. Faleceu, entretanto, o grande mestre, mas a escola por ele criada continua, em ritmo apreciável e agora mais adulta, porque liberta, também, de um certo trauma de orfandade por que, naturalmente, passou.
A peça presentemente ali em cena não desmerece, em nada, quantas ali já tive oportunidade de presenciar. Da autoria de um notável escritor mexicano, numa tradução de José Ribeiro, o seu desempenho foi confiado a verdadeiros artistas na arte de pisar o palco. Curioso que nela figuram elementos que entraram na primeira representação, já lá vão 28 anos, ainda que, agora, vestindo outras peles (caso de João Medina, ora o dr. Ayala, e, na altura, o jardineiro Tobias).
‘Omara’ - 1965
Como figura central, desta vez, a drª Ilda Manuela Simões, com a gana que se lhe conhece, em substituição da imortal Violinda Medina. Arrogante e altiva no seu orgulho solitário, sempre disposta a enfrentar as lutas, “Omara” foi muito bem interpretada (?) por Ilda Manuela. Despeitada e roída de ciúmes, deixa-se, no entanto, vencer, no final, ao “entregar-se” no caso que a atormentava devido ao patológico e possessivo sentimento que nutria pelo filho, quando este pretendeu amar uma mulher, à qual “Omara” apenas vaticinava pureza, candura, virgindade… Teatro de primeira água, também desta vez, em Tavarede”, escreveu um admirador do nosso teatro num jornal da Figueira.
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