sábado, 23 de maio de 2015

O Associativismo na Terra do Limonete - 129

G.M.I.T. – Cem anos


         Cumprido o programa das festas comemorativas do centenário da Sociedade de Instrução Tavaredense que, embora os nossos apontamentos tenham uma forma muito resumida, tiveram enorme brilhantismo, vamos continuar a história do associativismo na terra do  limonete, tanto mais que outro centenário se avizinhava: o do Grupo Musical e de Instrução Tavaredense.

         No ano de 2004, em Março e sob o título de ’25 anos ao serviço da população do Saltadouro’, um semanário figueirense publicou uma notícia sobre esta colectividade, da qual recortamos as seguintes notas. ... nos últimos oito anos sucedem-se as obras. Há dois anos fizemos as casas de banho para os camarins, a cozinha e agora concluímos o piso do salão e do palco. Faltam apenas o pano de boca e os acessórios do palco. Não podíamos fazer mais do que fizemos. As restantes obras serão feitas pela direcção a eleger no final do ano. Depois da vistoria das obras, vamos requerer o Estatuto de Utilidade Pública, disse a presidente da colectividade na sessão comemorativa do 25º aniversário...
         ... Atletismo, música, Rancho são algumas das actividades. O teatro desenvolveu-se graças aos Carolas... A escola de alfabetização de adultos, graças ao apoio da Câmara Municipal e da Comissão Social de Tavarede, 8 alunos dos 26 aos 76 anos frequentam as aulas três vezes por semana e os professores são contratados pelo município...

         No mês seguinte, um outro facto de muita relevância, foi a inauguração dos melhoramentos realizados na colectividade da Chã. Foi de festa o Dia Mundial do Teatro no Grupo Desportivo e Recreativo da Chã com a inauguração formal da sede e de uma sala museu onde a colectividade tem exposto o espólio arrecadado ao longo dos anos. Um espaço em que o nome de António Cardoso Ferreira fica perpetuado numa placa colocada como forma de lhe agradecer as milhares de horas dedicadas à colectividade.
 ... Na sede da colectividade foram investidos ao longo de 17 anos, além de muitas horas de trabalho, cerca de 250 mil euros, bem visiveis nas instalações, particularmente na nova sala de espectáculos. Paralelamente, no reaproveitamento da sala da entrada, a sala museu, foram investidos cerca de 10 mil euros, num espaço onde estão expostos trofeus, trajes, fotografias, medalhas, entre outro material.

         O Grupo Musical e de Instrução Tavaredense comemorou mais um aniversário da sua fundação e, durante a habitual sessão solene, foi demonstrada a sua actividade. ... a constituição da escola de música e do rancho O Limonete. Como projecto de trabalho, a criação de uma secção de teatro de revista, melhorar o palco, incentivar a escola de música e o recem criado rancho. Anunciou, também, a criação de uma secção destinada ao fomento do desporto. A nível de obras a prioridade é construir duas salas, uma para a biblioteca e outra para disponibilizar a internet aos jovens que frequentam a colectividade, foram algumas das palavras do presidente da direcção na sessão solene comemorativa dos 93 anos.

         No ano seguinte, 2005, atendendo a um convite que lhe foi feito pelo Casino figueirense, o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense foi ali apresentar um espectáculo propositadamente ensaiado para o efeito, e ao qual deu o título de Momentos de TeatroEntretanto, também o grupo de teatro da SIT actuou esta semana no salão café do Casino da Figueira no âmbito da iniciativa ‘Cine Teatro Casino’. ‘Momentos de Teatro’ – título genérico dado a este serão cultural – foi um espectáculo concebido com o intuito de dar a conhecer as várias facetas do teatro que se faz em Tavarede.
         Da comédia ao drama, passando pelo teatro musicado, reviveram-se textos representados na SIT, uns já longínquos no tempo, como ‘O Processo de Jesus’ e a ‘Terra do Limonete’ e outros mais recentes como a ‘Marcha do Centenário’ e ‘O Leque de Lady Windermere’. Depois de semanas a produzir o que de melhor se faz em teatro na região, a Sociedade de Instrução Tavaredense, que outrora mestre José da Silva Ribeiro preparou para o futuro, voltou com o seu elenco ao palco do Casino da Figueira para mostrar a arte de Talma.


         Aproveitando as festas comemorativas do 102º aniversário, a Sociedade de Instrução Tavaredense homenageou a memória do saudoso amador, ponto, director e bibliotecário José Maria Cordeiro (Zé Neto), no decorrer da tradicional sessão solene, que teve a colaboração do Orfeão Académico de Coimbra.

A Sociedade de Instrução Tavaredense comemorou no passado domingo 102 anos de existência, com a apresentação de duas peças de teatro – domínio em que a colectividade desde sempre se destacou – e uma sessão solene que teve como momentos altos, a par do espectáculo musical do Orfeão Académico de Coimbra, o descerramento do retrato de José Maria Cordeiro (Neto), antigo director, ponto, actor amador e colaborador em várias áreas, como é, aliás, apanágio da vida associativa. O presidente da SIT tem para o 103º ano de vida da colectividade mais projectos do que verbas, uma das razões para a alteração dos estatutos que brevemente será apresentada aos sócios, de forma a permitir a candidatura ao Estatuto de Utilidade Pública, que por sua vez possibilitará o acesso a subsídios do Estado. Enquanto estes e outros fundos não vêm, aponta como principais prioridades as obras na sala de espectáculos e a substituição do telhado.

         Em Março de 2006 mais uma vez a colectividade do Saltadouro esteve em festa com as comemorações de mais um aniversário. A presidente da direcção, em dia de festa, reclama para o Clube Desportivo e Amizade do Saltadouro novas e mais funcionais condições técnicas respeitantes à realização de diversas actividades. Entre elas, destaca-se a necessidade de aquisição de equipamento de luz e de som, afim de ‘dar outra dignidade às nossas actividades.
         Ao longo destes quase 30 anos de vida, a pequena barraca de madeira deu lugar a uma sede grandiosa, onde agora existe espaço para um museu etnográfico onde pontuam pedaços da história não só da colectividade, mas das próprias gentes e ofícios do Saltadouro.

         Também destacamos a festa, em Agosto daquele mesmo ano, dos 95 anos da fundação do GMIT. A passagem de mais um aniversário deixa para trás um ano difícil no Grupo Musical e de Instrução Tavaredense, com alguns conflitos e desconfianças financeiras que já levaram o caso ao tribunal. Ultrapassados os momentos de celeuma ‘é altura de olhar em frente e começar a pensar no futuro’, foi dito na sessão solene.
         ... com um ano de muito trabalho na sede, a direcção apostou no alargamento do palco em mais três metros e num novo pano de boca, benefício que orçou em mais de 2.500 eutos. Mas as obras de reabilitação não acabaram por aqui, abrangendo também toda a zona do bar, que recebeu novos equipamentos e electrodomésticos, além da recuparação do bilhar de snocker, muitas pinturas. Um investimento que terá ultrapassado os dez mil euros.


E foi em Novembro de 2006, que a Sociedade de Instrução Tavaredense comemorou uma outra efeméride, os 20 anos da morte de Mestre José da Silva Ribeiro.
Com uma  romagem o cemitério, uma missa na Igreja paroquial e um espectáculo evocativo, a Sociedade de Instrução Tavaredense recordou José da Silva Ribeiro, exactamente na passagem do 20º aniversário da sua morte (13 de Setembro de 1986). Tratou-se de recordar ‘uma figura que sempre vai ficar ligada a esta casa’, segundo referiu Vitor Medina, pouco antes de terem apresentado algumas das passagens, mais significativas da vida de José da Silva Ribeiro, naquele teatro.

          O presidente da direcção da SIT acredita que ‘dificilmente haverá outro homem da cultura como ele, em Tavarede e no concelho’, focando a vida multifacetada do mestre, que depois ficaria bem presente na representação de ‘O sonho do passado, a esperança do futuro’, em que foi feita uma recolha focando-se ‘aspectos que nunca foram contados sobre a sua história no teatro da colectividade’, além de excertos de peças da sua autoria em que também representou e de outras já como encenador, entre as quais ‘a primeira e a última que ele ensaiou’.
         Apesar de não se saber com exactidão a data em que José da Silva Ribeiro entrou para a SIT (começou no ‘Teatrinho do Senhor Conde’ como amador de teatro), e em 1910 já representava na colectividade que agora o homenageou. Pouco depois já escrevia alguns textos (em 1911 a ‘Voz da Justiça’ felicita-o como autor, por fazer a apologia da ‘instrução contra os hábitos da taberna’), vindo depois a dedicar-se ao jornalismo e a dirigir ‘A Voz da Justiça’. Após o serviço militar, foi colocado como funcionário administrativo na Escola Bernardino Machado, e mais tarde, quando instado a abandonar as funções jornalísticas e recusou, acabou por perder o vínculo à função pública. Defensor da liberdade, igualdade e fraternidade, acabou por ser preso em 1933 e deportado para Angra do Heroísmo, em 1937 foi-lhe confiscado a ‘Voz da Justiça’ e em 1938 volta novamente a ser detido pela PIDE.

         Por todo este percurso e pela sua dedicação à SIT até morrer, a homenagem contou com casa completamente cheia, figurando entre os presentes, o delegado regional da Cultura Pedro Pita, que classificou José da Silva Ribeiro como ‘um homem capaz de conjugar os aspectos históricos da cultura com os aspectos vivos, mestre de teatro, que ensinou às pessoas o gosto pelo teatro, mesmo dos autores mais difíceis’. Daí que seja considerado como ‘uma referência em Tavarede, Figueira e a nível nacional’, sustentou Pedro Pita, frisando que a sua presença significava a ‘afirmação desse reconhecimento’ pelo Ministério da Cultura.



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