sábado, 11 de julho de 2009

Teatro - As primeiras saidas

Curiosamente, sendo uma colectividade mais nova, foi o grupo dramático do Grupo Musical e de Instrução Tavaredense que fez a primeira deslocação "fora de portas", do teatro de Tavarede. Foi em Janeiro de 1918 que se deslocou a Verride, terra natal dos seus principais fundadores, José e António Medina, onde representaram o drama "Um erro judicial" e a comédia "Os gagos".
O correspondente de um jornal figueirense naquela localidade, escreveu: "Foi uma noite bem passada, e ha muito tempo que nas tábuas do palco do nosso velho teatro não são executadas peças com tanta correcção".


Tuna do Grupo Musical e de Instrução Tavarede - anos 20

Mas foi em Outubro de 1925 que alcançou um êxito verdadeiramente triunfal, com a primeira deslocação que fizeram à Marinha Grande. "A tuna, sob a proficiente direcção do amigo sr. Pinto d'Almeida, executou uma marcha de saudação à Marinha Grande. Percorreu as ruas principais da vila, no meio das maiores aclamações, sempre acompanhada de muito povo conduzindo archotes acesos...".



Violinda Medina, protagonista de "Um erro judicial"

À noite, no Teatro Stephens, houve espectáculo. Depois de um concerto pela tuna, que tocou diversas peças, seguiu-se a representação do drama "Um erro judicial", terminando o espectáculo com a comédia "Herança do 103". O êxito foi enorme. de tal forma que, no dia seguinte, em que estava programado outro espectáculo com outras peças, "uma comissão de cavalheiros pediu encarecidamente que alterassemos a ordem do programa e representassemos o drama da véspera, ao que gostosamente acedemos". E, segundo a notícia, ainda pediram, com muito empenho, para que o grupo ficasse para a segunda-feira seguinte, para mais um representação daquela peça.




Em Julho de 1930, coube a vez ao grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense fazer a sua primeira deslocação. Foi a Tomar, onde representaram as peças "O Sonho do Cavador" e "A Cigarra e a Formiga".


O grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense, na 1ª deslocação a Tomar

Foi uma jornada triunfal "... a recepção que aqui teve a excursão da SIT. Imponência, beleza, entusiasmo, sinceridade - eis as características dessa admirável recepção, que não esquece aos que da Figueira vieram a Tomar". Estes dois espectáculos foram em benefício da Misericórdia local. Quem fez a apresentação do grupo cénico foi o dr. Manuel Gomes Cruz.
Esta deslocação foi o início de uma longa lista de deslocações áquela linda terra do Nabão. Foram muitas as peças ali representadas, sempre a favor de instituições locais, e sempre com lotações esgotadas.
"E o povo de Tomar? A sua franqueza, a sua comunicativa sinceridade, o carinho que não esconde aos seus visitantes, o espírito acolhedor que faz a sua tradição de povo hospitaleiro como nenhum outro o é mais!
Tomar vivia há cêrca de um mês no pensamento dos promotores dêste passeio. Até que o dia próprio chegou.
A excursão partiu da Figueira no combóio das 9,50 de domingo, seguindo nela, além dos elementos do grupo teatral da Sociedade de Instrução Tavaredense, muitas outras pessoas da Figueira. Eram cêrca de duas centenas os excursionistas. E muitas mais teriam sido se a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses tivesse concedido facilidades para o transporte. Além das que seguiram pelo combóio muitas pessoas foram da Figueira em automóveis.
Após uma longa demora na Lamarosa, chega o combóio que conduz a excursão pelo ramal de Tomar.
Ti João da Quinta, Rosa e Manuel da Fonte, em "O Sonho do Cavador"


Os figueirenses sabiam, contavam que seriam recebidos com simpatia. Mas não podiam esperar a grandiosidade das manifestações que lhes reservavam os tomarenses.
Finalmente o combóio parou, e uma grande girândola de foguetes estraleja no espaço. Cá dentro, na gare, trocam-se os primeiros cumprimentos estão a comissão de recepção, representantes da Câmara Municipal, das diversas agremiações locais, imprensa, etc.; está também a comissão de gentis senhoras, a quem o presidente da Sociedade de Instrução Tavaredense oferece, em nome dos excursionistas, um lindíssimo ramo de cravos.
Lá fora, uma multidão enorme aguardava os visitantes. A manifestação é calorosa, ouvindo-se palmas e vivas incessantemente. O estandarte da Sociedade de Instrução cruza com os das associações que ali esperavam. A Tuna Comercial e Industrial de Tomar, a Banda Republicana Marcial Nabantina e a Sociedade Filarmónica Gualdim Pais executam os seus hinos. E, em meio de grande entusiasmo, forma-se um cortejo imponente em que estão representados, além da comissão de recepção, a Câmara Municipal, Associação Comercial e Industrial, Centro Democrático Tomarense, Clube Tomarense, Grémio Artístico Tomarense, Tuna Comercial e Industrial de Tomar, Banda Republicana Marcial Nabantina, Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, Sporting Clube de Tomar, União Foot-ball Comércio e Indústria, Associação de Classe dos Caixeiros de Tomar, Orfeão Tomarense, jornal “De Tomar”, jornal “Acção”, Liga dos Combatentes da Grande Guerra, os excursionistas e muito povo.
O cortejo atravessou as ruas da cidade por entre aclamações e vivas. Das janelas pendiam ricas e lindas colchas e as senhoras atiravam flores. Os da Figueira, entusiasmados e reconhecidos, gritavam: - “Viva Tomar! Vivam as senhoras de Tomar! Viva o povo tomarense!” – e logo a multidão correspondia e as muitas centenas de vozes diziam: “Viva a Figueira! Viva a Sociedade de Instrução Tavaredense!”.


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