quinta-feira, 24 de junho de 2010

Grupo Musical e de Instrução Tavaredense - 24


Novo período começou na história do Grupo Musical. Em Outubro de 1931 terminaram as obras de adaptação das salas que o proprietário da Casa do Paço, sr. Marcelino Duarte Pinto, lhes cedera para a instalação da nova sede. “As instalações ficarão muito boas, permitindo a realização de festas que a esplêndida tuna do Grupo abrilhantará”, escreve-se numa notícia.
E foi nos dias 17 e 18 daquele mês que tiveram lugar as festas comemorativas do 20º aniversário da fundação da colectividade, que coincidiram “com a inauguração das suas novas instalações na casa do Paço”. “Um entusiasmo grande animou todos os números do programa, cuja execução, pode dizer-se, pôs Tavarede em festa, festa a que jubilosamente se associou toda a população tavaredense, com insignificantíssimas excepções.
O Grupo Musical entrou numa fase de desenvolvimento consciente, mostrando-se agora decidido a caminhar desembaraçadamente e com firmeza, escolhendo com decisão o caminho que quer seguir. Com um esforço enorme, admirável - e quando alguém poderia supor que o Grupo ia morrer ingloriamente e sem o conforto dos sacramentos da Igreja - os rapazes do Grupo Musical conseguiram já reorganizar a sua tuna, agora constituída com muitos e valiosos elementos, e instalar-se na nova sede.
Começaram as festas comemorativas no sábado à noite, com um baile. Uma enorme concorrência afluiu à sede do Grupo Musical, que tinha sido engalanada e apresentava um aspecto festivo. O baile realizou-se no salão, que se encheu de pares que dançaram animadamente até de madrugada ao som duma excelente orquestra”.
No domingo, a tuna fez a alvorada pelas ruas da povoação e, depois de um almoço de confraternização, teve lugar a sessão solene, “brilhante, sob todos os pontos de vista. Foram duas horas de alegria, de comoção e entusiasmo em que vibrou a população tavaredense, que enchia o salão”. Presidiu a esta sessão o dr. José Gomes Cruz e, além dele, usaram da palavra o dr. Manuel Gomes Cruz, sargento ajudante de artilharia Sanches, dr. Manuel Lontro Mariano, professor Rui Martins e José da Silva Ribeiro, encerrando-se a sessão “entre ovações calorosas e repetidos vivas ao povo de Tavarede e ao Grupo Musical”. As festas terminaram com o costumado baile.
Uma nova polémica, entretanto, estalou. Acabou o teatro no Grupo Musical mas, como sabemos, alguns amadores integraram-se na Sociedade de Instrução. Eis uma pequena amostra. “Tem sido bastante censurado o facto de vários amadores do Grupo Musical e d’Instrução Tavaredense, se prestarem a fazer parte do Grupo Cénico da Sociedade de Cima. É deveras lamentável tal atitude, que só revela o pouco amor associativo e a pouca consideração pelas lutas antagónicas de há 19 anos! E viva a fraternidade! Pois se Zé Medina revivesse seria o primeiro a apertar-lhe as... mãos e certamente a dizer-lhe muito obrigado...”.
É claro que tudo isto foi motivado pelo facto de muitos amadores não terem querido ficar integrados no Grémio Educativo. “… não há melhor testemunha que o jornal para tempos futuros. Por tal motivo, sou de parecer que os nomes desses cavalheiros, que se diziam “Grupistas”, e que a Sociedade era uma sombra má… e muito mais, que se lhes deparava a todo o momento, sejam publicados numa das suas correspondências, assim que eles aderirem à Sociedade, para que os tavaredenses que mourejam o pão de cada dia, longe da sua terra, façam um juízo desses “Grupistas ferrenhos”.
A polémica ainda continuou durante mais algum tempo. Acabaram por misturar colectividades e religião, mas, para a nossa história, já chega o que transcrevemos.

2 comentários:

  1. Senhor Vitor
    Com grande emoção, minha amiga Preciosa Fileno pôde relembrar a mocidade dela em Tavarede através das tuas histórias, e assim eu também tive a oportunidade de “conhecer” a escola onde ela estudou a Escola dos Quatro Caminhos, o porque do nome, a localização, como ela ia até a escola e a distância que ela tinha que percorrer, a historia de Virginia Licungo, a historia do senhor Rui, fiquei sabendo que ele morou vizinho da Quinta do pai da dona Preciosa, mas ela não se lembra dele, pois era muito novinha e só ficavam na Quinta, mas lembra da casa da tia Aurora, aí a dona Preciosa me contou detalhes daquele lugar, da bica onde ela e os irmãos bebiam água geladinha, me explicou o funcionamento daquela época da azenha, disse que a maquete onde está a capela de S.Paio lembra demais a época que ela morou lá, tudo arrumadinho, ela se emocionou muito
    Só tenho a agradecer novamente senhor Vitor, pelas boas histórias que tem postado neste blog, que fantástico poder levar até a minha amiga o que o senhor coloca como histórias,
    Tenha um bom dia
    Lilian – Pederneiras - Brasil

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  2. Cara Amiga

    Já calculava que as miniaturas do Rui Monteiro iriam provocar saudades na nossa amiga Preciosa Fileno. Também eu as sinto, de todos aqueles sítios e outros arredores de Tavarede, outrora tão agradáveis.
    Um grande abraço para todos
    Vitor Medina

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