Filho de Pedro Lopes de Quadros e Sousa e de sua mulher Maria Teles de Meneses, nasceu em Tavarede.
“Tomou o hábito da ilustríssima Congregação de S. Bernardo, “cuja cogula he nevada gala”, argumento fatal da sua pureza, pois esta religião sagrada é o mimo daquela luz sem sombra, lua que não tem mancha, e sol que se não eclipsa, a Santíssima Nossa Senhora.
Deu-lhe obediência a ocupação de confessor do real convento de Lorvão, onde com exemplar procedimento desempenhou, que tinha por filho do Patriarca tão santo; daqui passou a ser mestre de teologia para aquele Escurial Lusitano, o grande, real e magnífico mosteiro de Alcobaça, donde seus discípulos tinham bem que aprender, pois lhe não faltavam virtudes que imitar, ficando os que o foram por abalizados, conhecidos, tendo neles que seguir os mais grandes exemplos, que quando a doutrina aproveita, é para o mestre a maior glória, sendo padrão que a estimação levanta a quem bem devotadamente se ocupa, e eterna a dívida em que se lhe fica, porque para o agradecimento é a vida curta e para a paga não há nem pode haver fazenda, e assim com razão se podem gloriar os seus discípulos deste mestre por terem a fortuna de que eles os animasse, e sempre se avaliará grande, quando a vida lhe perdure para que em tão exemplares empregos se exercite, e tão religiosamente se ocupe, donde foi promovido a abade de Seiça, em cujo governo mostrou o seu grande talento, porque contentar a muitos nunca foi pouco, e ser em todos geral o agrado sempre foi muito.
Desta ocupação passou a Prior de Alcobaça e executando-a louvavelmente algum tempo renunciou ao cargo, para que melhor sem encargos tratasse do espírito, porque o governar sempre inquieta por algum modo, sendo infalíveis os estragos do sossego e assim é mais seguro ter em pouco o que os outros estimam e não fazer caso do porque anhelam, pois neste desprezo cobrando forças o desengano se habilita um sujeito para o melhor triunfo”.
Caderno: Tavaredenses com História
Sem comentários:
Enviar um comentário