sexta-feira, 13 de agosto de 2010

José Maria Cordeiro

Tavaredense, nascido em 1859, era filho de José Cordeiro e de Ana Pais. Foi casado com Ana Cruz Cordeiro, teve dois filhos, João, Mário, José Maria e António, e faleceu em 13 de Janeiro de 1940, com a idade de 81 anos.

Comerciante de mercearias e vinhos, tinha o seu estabelecimento perto do Largo do Paço, e exerceu funções na Junta de Paróquia e de regedor, na última década do século dezanove.

Tal como seu irmão Francisco, foi grande animador das festas populares na nossa terra. Com o seu estabelecimento melhor localizado que o de seu irmão, pois dispunha de muito mais espaço para montar o seu pavilhão, não poupava o Francisco na disputa de maior clientela, usando de meios menos próprios, como o de raptar, ou desviar, os músicos que seu irmão contratara para abrilhantar as danças no seu pavilhão.

Foi o que aconteceu em 1906 e 1907. Mas neste último ano, o Francisco reagiu, conseguiu outros músicos e pespegou um enorme letreiro no seu pavilhão, dizendo: NEM ASSIM. Como é que ele reagiu à provocação?

“Começou por lançar no espaço uma dúzia de restolhentos foguetes de morteiros com três respostas, que tinha para vender, deitou as mãos a uma gaveta da cómoda e dela ripou um lençol de muita estimação que, pelos modos, fora uma prenda de casamento, e fê-lo em tiras, colou-as umas às outras, mandando-as descerrar, a todo o comprimento do avantajado pavilhão do seu apreciado rancho, ornamentado a capricho com verdura, grinaldas de flores e bandeiras em profusão, muitos balões e cordas com papéis de cores garridas, onde se dançava e cantava, alegremente, até ao romper de alva, e juntou-lhe, em letras garrafais, a seguinte legenda, em resposta à tendenciosa falácia do seu querido mano Francisco: ATÉ AQUI CHEGUEI EU!...”.

Pois a verdade, e em conclusão da história, é que acabou por levar “uma tesíssima descompostura, no próprio arraial” de sua esposa, a senhora Aninhas, a quem teve de prometer comprar outro lençol idêntico, para substituir aquele que era “uma velha prenda de estimação do apartado dia de noivados de ambos”.

Caderno: Tavaredenses com História

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