No dia 11 de Janeiro de 1952, o nosso grupo cénico foi, pela primeira vez, representar a Leiria, num espectáculo que reverteu a favor do Jardim-Escola local. Apresentou a peça “Horizonte”. O jornal “Região de Leiria” teceu elogiosa crítica a esta récita. Desde a pontualidade do começo “como é louvável hábito do grupo de Tavarede”, à representação “da peça rústica de Manuel Frederico Pressler, Horizonte, cujo desempenho foi unanimemente considerado dos mais brilhantes a que se tem assistido no nosso teatro”, o crítico comenta a peça e sua interpretação, terminando da seguinte forma, relativamente à encenação: “À passagem do touro tresmalhado, vacas, cavalos e campinos, tudo se adivinha por detrás do muro que nos encobre o primor de técnica que José Ribeiro usou para tal. A suavidade daquela madrugada da abertura do 1º acto, com a passarada e os galos a cantar, encantou-nos.
Todas as cenas estão tratadas com saber e representadas com mestria, num conjunto harmónico e sem desnível, além do que resulta da maior evidência de alguns papéis e da maior capacidade interpretativa de certos elementos, o que é notório. Sente-se que há ali mão segura ao ordenar todo aquele movimento, que atinge por vezes proporções respeitáveis, como na cena da festa do casamento, com dezenas de figuras actuando naturalmente, vibrantemente, mas sem choque, ordenadas, em resumo – bem!
Ouvimos dizer que o público de Leiria tinha acabado de receber uma “lição de teatro”! Foi, sem dúvida, uma esplêndida noite, que oxalá as nossas companhias profissionais nos pudessem repetir mais vezes do que vem acontecendo há longos anos...”.
A 5ª palestra da série sobre o “Teatro”, que Mestre José Ribeiro proferiu, teve como tema “Garrett, novo fundador do teatro português”.
No “Jornal Magazine da Mulher”, no seu nº 15, vem publicada um extensa reportagem, a propósito da representação de “Chá de Limonete”, que intitulou “Uma obra que dignifica. Em Tavarede, modesta aldeia da Beira, ensina-se Teatro”. É impossível estar agora a transcrever esta reportagem. Vem publicada no “Notícias da Figueira”, de 12 de Janeiro de 1952. Mas não deixamos de recolher algumas frases que entendemos mais significativas.
“Para quem descreia da existência dum fogo sagrado, constante e generoso que lute através de todas as contingências e de todas as dificuldades por uma ideia digna e firme do verdadeiro sentido de Arte teatral, ponha os olhos e o cérebro em Tavarede, terra pobre, perdida na Beira pobre... ... Chega a pasmar como é possível manter-se uma obra duma projecção tão elevada e tão nobre num meio insuficiente, cheio de asperezas da sua condição geográfica e humana... ...Ainda há pouco no teatrinho da SIT subiu à cena uma fantasia de três actos e 24 quadros, de José da Silva Ribeiro, com
música de António Simões, denominada “Chá de Limonete”. Essa fantasia que é a história singela da aldeia desde a sua fundação até aos nossos dias, foi montada a preceito, com cenários e guarda-roupa inteiramente novos, num esforço gigantesco que testemunha a vontade indómita e o admirável caminho seguido pelos amadores de Tavarede. Num livro de excelente apresentação gráfica e fotográfica do acontecimento, tivemos o prazer de constatar até que ponto o amor pelas coisas teatrais está espalhado naquele rincão da Beira. E comparando com o que cá se passa, fazendo a proporção entre as centenas de Tavarede e os muitos milhares de Lisboa, fica-nos no cérebro o clarão duma Obra que dignifica, reconhecida não só pelo seu público como por diversas associações humanitárias por ela protegidas em diversas representações de beneficência. E nós, como verdadeiros amantes do verdadeiro Teatro, daqui dizemos, orgulhosos em ajudar a transmitir a sua mensagem: operários e modistas, cavadores e ceifeiras de Tavarede, homens e mulheres dessa aldeia, reduto duma Eterna Arte, obrigado!”.
Ainda no ano de 1952, o grupo cénico tavaredense promoveu uma série de espectáculos, com duas peças de Gil Vicente (Auto da Barca do Inferno e Auto da Mofina Mendes) e uma outra, em 1 acto, de Ramada Curto (Três Gerações), levando-o a várias terras do nosso concelho, nomeadamente, Alhadas, Brenha, Caceira, Quiaios, Vila Verde, Santana e Lavos. Este espectáculo era antecedido por uma palestra, pelo director do grupo cénico, focando a época, a personalidade e a obra do fundador do teatro português “sublinhada sempre com fartos aplausos. Em toda a parte fomos recebidos com provas inequívocas de apreço, lamentando a maioria não ter instalações mais cómodas para podermos visitá-los mais vezes”.
música de António Simões, denominada “Chá de Limonete”. Essa fantasia que é a história singela da aldeia desde a sua fundação até aos nossos dias, foi montada a preceito, com cenários e guarda-roupa inteiramente novos, num esforço gigantesco que testemunha a vontade indómita e o admirável caminho seguido pelos amadores de Tavarede. Num livro de excelente apresentação gráfica e fotográfica do acontecimento, tivemos o prazer de constatar até que ponto o amor pelas coisas teatrais está espalhado naquele rincão da Beira. E comparando com o que cá se passa, fazendo a proporção entre as centenas de Tavarede e os muitos milhares de Lisboa, fica-nos no cérebro o clarão duma Obra que dignifica, reconhecida não só pelo seu público como por diversas associações humanitárias por ela protegidas em diversas representações de beneficência. E nós, como verdadeiros amantes do verdadeiro Teatro, daqui dizemos, orgulhosos em ajudar a transmitir a sua mensagem: operários e modistas, cavadores e ceifeiras de Tavarede, homens e mulheres dessa aldeia, reduto duma Eterna Arte, obrigado!”.
Ainda no ano de 1952, o grupo cénico tavaredense promoveu uma série de espectáculos, com duas peças de Gil Vicente (Auto da Barca do Inferno e Auto da Mofina Mendes) e uma outra, em 1 acto, de Ramada Curto (Três Gerações), levando-o a várias terras do nosso concelho, nomeadamente, Alhadas, Brenha, Caceira, Quiaios, Vila Verde, Santana e Lavos. Este espectáculo era antecedido por uma palestra, pelo director do grupo cénico, focando a época, a personalidade e a obra do fundador do teatro português “sublinhada sempre com fartos aplausos. Em toda a parte fomos recebidos com provas inequívocas de apreço, lamentando a maioria não ter instalações mais cómodas para podermos visitá-los mais vezes”.
O produto líquido de cada representação reverteu integralmente a favor das colectividades em cuja sede se realizou cada espectáculo. Como as despesas com guarda-roupa e cabeleiras eram elevadas e “sendo de admitir que numa ou noutra localidade a visitar, dada a sua pequena população e a pobreza do meio, a receita não chegará para as despesas; mas nem mesmo esta circunstância impedirá a visita dos tavaredenses, pois o “déficit” que se verificar será coberto pela Sociedade de Instrução Tavaredense”.
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