domingo, 4 de outubro de 2009

Alberto Virgílio da Rocha Portugal Correia de Lacerda

Não era natural de Tavarede, mas foi na terra do limonete que viveu os seus últimos anos. Faleceu em 1974, encontrando-se sepultado no cemitério local.
Exerceu a sua actividade de professor de desenho na Escola Industrial e Comercial da Figueira, da qual chegou a ser director, até ser transferido, em 1929, compulsivamente por motivos políticos, para Lisboa, para a Escola Afonso Domingues.
Uma notícia de 1921, refere: “Teatro do Parque-Cine – Têm prosseguido activamente as obras do palco daquele grande teatro, cujo cenário está sendo pintado pelo distinto artista da capital, sr. Alberto Correia de Lacerda, que foi discípulo do mestre Carlos Reis, e cujo talento se tem afirmado em muitas obras de valor”.
Como desenhador e como poeta de enorme sensibilidade, foi dedicado colaborador da Sociedade de Instrução, pintando muitos cenários, os primeiros dos quais para a opereta “Grão-Ducado de Tavarede”, desenhando imensos adereços e figurinos, ou escrevendo os versos para “A Cigarra e a Formiga”, “Justiça de Sua Majestade” e “Ana Maria”, operetas que alcançaram enorme popularidade.
Em 1958, desenhou um quadro que “é um trabalho perfeito, equilibrado e colorido bizarro e difícil, que o pintor conseguiu com extraordinária visão e perfeita técnica”. Intitulou-o de “Quimono” e ofereceu-o à colectividade para ser sorteado a favor das obras de remodelação e ampliação. Também em 1965 e na Câmara Municipal da Figueira da Foz, esteve “exposto, durante alguns dias, um artístico painel decorativo, com a figura de Nuno Alvares, magnificamente desenhado e colorido, e que foi pintado no seu atelier em Tavarede”.
Em 1929 a Sociedade de Instrução Tavaredense nomeara-o seu sócio honorário e, no dia 14 de Dezembro de 1963, prestou-lhe homenagem. “… o director do grupo cénico, que destacou a preciosa colaboração de Artista e Poeta, que Alberto de Lacerda tem prestado à colectividade, que vê nele um amigo dedicado que lhe entregou o seu coração de verdadeiro criador de arte e cultor do mais belo e puro teatro. Recordou o apaixonado carinho que o ilustre professor começou a dedicar a Tavarede, desde que veio dirigir a Escola Industrial e Comercial da Figueira da Foz, na qual instituiu a primeira oficina de trabalhos manuais.
E ao referir-se aos numerosos ramos de flores que rodearam o homenageado naquele palco, disse que o ramo que lhe ofereceu a amadora mais antiga do grupo (Helena Medina), tinha também lúcia-lima, que é o mais expressivo e o mais aromático arbusto que a sua aldeia pode oferecer àqueles que lhe estão dentro do coração.
… agradeceu o homenageado a fidalga manifestação de simpatia que os seus queridos amigos tavaredenses lhe haviam dedicado, não com palavras que, na ocasião, não podia proferir, mas com as lágrimas da mais profunda gratidão pela carinhosa hospitalidade que sempre lhe dispensaram e de saudade pelos agradáveis e inesquecíveis momentos espirituais passados na Terra do Limonete”.
Quando faleceu, encontrava-se a trabalhar num dos seus quadros mais maravilhosos, “O Ensaio do coro” que, inacabado, foi oferecido à colectividade e que se encontra no salão nobre da colectividade.

(Caderno:Tavaredenses com história)

1 comentário:

  1. Muito obrigado pela homenagem a este verdadeiro Humanista! Teve sempre Tavarede no coração. Preservem sempre a sua memória!

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