terça-feira, 13 de outubro de 2009

S. Martinho de Tavarede


A primeira vez que se encontra, em documentos históricos, o nome de S. Martinho de Tavarede, é na carta de doação feita por Gulvira Sesnandis e seu marido, Martim Moniz, a João de Gondesindiz, feita "no quarto dia dos idos de Fevereiro da era de 1130 (10 de Fevereiro de 1092).

"Concedemos-te na mesma já mencionada vila de S. Martinho todos que outrora ali recebeu Cidel Pais do Conde D. Sesnando, que Deus tenha...". Presume-se que este Cidel Pais terá sido o povoador e reedificador de Tavarede e da sua igreja, por ordem daquele Conde. Nada se sabe do que anteriormente Tavarede terá sido. Pode-se presumir que, pela sua localização e pela proximidade do mar, os fenícios terão povoado Tavarede, posteriormente conquistada pelos mouros, que no ano de 711 iniciaram a conquista da peninsula ibérica até que, no século XI começou a reconquista cristã.

Naturalmente que a vila de Tavarede terá sido devastada pelos 'infiéis'. Mas, naquele documento, diz-se 'o lugar de S. Martinho de Tavarede'. Portanto, aquele Santo, aliás de muita devoção em grande parte do nosso País, seria patrono da terra desde os tempos anteriores à conquista moura.

E quem foi este Santo? Foi Bispo de Tours. Filho de um oficial do exército romano, após estudos humanisticos em Pavia, entrou para o exército, contra sua vontade, quando tinha 15 anos. Antes, com 10 anos de idade inscrevera-se como catecúmeno. Foi baptisado no ano de 339 e abandonando a vida militar, foi ter com Santo Hilário de Poitiers, que lhe conferiu ordens sacras. "Ardente propagador da fé, fundou, em Marmoutier, um mosteiro donde sairam notáveis missionários e reformadores. Demoliu templos pagãos e levantou mosteiros como sustentáculos da evangelização. Humilde e pacífico, manteve a sua independência perante o abuso da autoridade civil".

Estamos a menos de um mês do seu dia. Tavarede, como há mais de 50 anos, irá, certamente festejá-lo, da forma do costume.

São várias as lendas que a tradição nos conta. Entre elas, conta-se a conhecida do 'Verão de S. Martinho'. Eu, no entanto, gosto mais da lenda da capa. Permitam-se a sua transcrição. "Caminhava um dia o virtuoso santo em direcção á sua cidade de Tours, e tinha já dado aos pobres todo o dinheiro que levava consigo. Apparece lhe no caminho um mendigo andrajoso e faminto, supplicando uma esmola.
Martinho, que não tinha mais que dar, rasgou a meio a capa em que se embrulhava e deu metade ao pobre.
Este, cheio de fome, entro n’uma locanda e pediu alguma coisa para comer, mas como não tinha com que pagar, deixou em penhor a parte da capa que o santo lhe tinha dado, promettendo vir resgatal-a quando podesse.
O taberneiro atirou desdenhosamente com ella para cima d’uma das pipas d’onde tirava vinho para os freguezes, e passados dias notou com espanto que o vinho não diminuia no casco. Tirando a capa de cima da vasilha, acabava logo o vinho; tornava a collocal-a, e o divino licor jorrava logo espumante da torneira.
Eis porque os amantes do sumo da uva, escolheram para seu patrono o santo e caridoso bispo".


Viva S. Martinho...
Reine a santa frescata... e chova vinho...
Ajoelhemos, tirando a barretina,
Ante o Santo que a todos nós domina.
Juremos, pondo a mão sobre o barril,
De fazer das guelas um funil
Quando o vinho corra... Viva! Viva
S. Martinho qu’os bebedores captiva!...

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