Hoje, e dada a proximidade desta data, vou recordar o Dia de Finados. Antigamente era neste dia que se faziam as visitas ao cemitério para enfeitar e iluminar as campas dos entes queridos que haviam partido para a 'tal viagem' de que se não volta. E, para melhor o fazer, vou transcrever a notícia que um correspondente local enviou para a 'Gazeta da Figueira', em Novembro de 1900.
Sexta-feira, 2 – dia de finados. Dia triste, cheio de luto e de recordações saudosas d’aquelles que seguiram o eterno destino e deixaram despedaçado o coração dos que em vida os idolatravam.
Em todas as almas bem formadas de nobres sentimentos, em todos os corações generosos e estremecidos, se sente n’este dia a commoção ardente d’uma magua inolvidavel, d’uma magua que em muitos se traduz n’um copioso pranto de lagrimas, derramadas á beira dos tumulos dos seus desditosos mortos!...
A nossa Egreja transborda hoje de fieis que oram fervorosamente; do campanario os sinos tangem lugubremente esses funereos signaes que nos ferem o coração; aos cemiterios vae uma piedosa romagem depôr flôres sobre as campas dos entes queridos que se choram e que jámais tornarão a ver-se...
E assim se commemora o dia de finados, assim se celebra a data em que o kalendario recorda a memoria dos que á Vida foram poderosamente arrebatados pela implacavel Morte!...
Repousai em paz!
Em todas as almas bem formadas de nobres sentimentos, em todos os corações generosos e estremecidos, se sente n’este dia a commoção ardente d’uma magua inolvidavel, d’uma magua que em muitos se traduz n’um copioso pranto de lagrimas, derramadas á beira dos tumulos dos seus desditosos mortos!...
A nossa Egreja transborda hoje de fieis que oram fervorosamente; do campanario os sinos tangem lugubremente esses funereos signaes que nos ferem o coração; aos cemiterios vae uma piedosa romagem depôr flôres sobre as campas dos entes queridos que se choram e que jámais tornarão a ver-se...
E assim se commemora o dia de finados, assim se celebra a data em que o kalendario recorda a memoria dos que á Vida foram poderosamente arrebatados pela implacavel Morte!...
Repousai em paz!
E vem a propósito lembrar que a capela do cemitério da paróquia também tem alguma história.
Vejamos uma notícia de Novembro do mesmo ano (1990):
Acabamos de saber que alguns parochianos d’esta freguezia se vão aggregar em commissão para colher dos habitantes da mesma freguezia donativos sufficientes para o acabamento interior da capella do nosso cemiterio, mandada edificar pela junta de parochia presidida pelo saudoso e benemerito cidadão sr. João José da Costa.
Foi este mallogrado cavalheiro quem teve a louvavel ideia de se mandar ali construir aquella capella, com o proposito de n’ella ser collocada a veneranda imagem do Senhor d’Arieira, e de servir tambem para lá installar o Santissimo Sacramento e as imagens que se vêem na egreja, quando por qualquer motivo isso fosse necessario.
A commissão a que nos referimos vae officiar à junta de parochia, a fim de esta conceder auctorisação para levar a cabo os seus honrosos intentos, visto ella não ter até hoje, passados que são uns poucos d’annos depois da morte do iniciador da construcção da capella o sr. João José da Costa, conseguido lançar nos seus orçamentos uma pequena verba destinada a acabar tão util obra, começada por um homem a quem se deviam acatar e respeitar as intenções.
Honra seja, portanto, àquelles que vão concluir a capella, e oxalá que todas as pessoas d’esta freguezia contribuam para tal fim.
Agora ha uma coisa séria a resolver e de que a mesma commissão vae tratar, que é de averiguar a forma como a imagem do Senhor d’Arieira, dada a Tavarede pelos proprietarios da extincta capella d’aquelle nome, foi ter à casa de deposito do cemiterio occidental d’essa cidade, sem que, segundo o que ouvimos, fosse auctorisado para o fazer qualquer dos membros da junta.
Eis um assumpto que aqui tem levantado grande celeuma, porque não só a imagem representa para os parochianos de Tavarede um grande valor, mas tambem porque estava destinada a occupar um logar determinado por um homem cuja memoria é sempre invocada com todo o respeito.
E, francamente, tambem não admittimos que a junta de parochia ou algum dos seus membros possa assim fazer, leviana e inconscientemente, offerta d’uma imagem d’aquellas, como se fôra uma coisa sem valor e que de direito não pertencesse à nossa freguezia, que é como quem diz aos tavaredenses.
Será bom que este caso se deslinde por homens que prezam os interesses e haveres da sua terra, e que não querem deixar-se lograr por quem não tem escrupulo em praticar actos tão melindrosos.
Foi este mallogrado cavalheiro quem teve a louvavel ideia de se mandar ali construir aquella capella, com o proposito de n’ella ser collocada a veneranda imagem do Senhor d’Arieira, e de servir tambem para lá installar o Santissimo Sacramento e as imagens que se vêem na egreja, quando por qualquer motivo isso fosse necessario.
A commissão a que nos referimos vae officiar à junta de parochia, a fim de esta conceder auctorisação para levar a cabo os seus honrosos intentos, visto ella não ter até hoje, passados que são uns poucos d’annos depois da morte do iniciador da construcção da capella o sr. João José da Costa, conseguido lançar nos seus orçamentos uma pequena verba destinada a acabar tão util obra, começada por um homem a quem se deviam acatar e respeitar as intenções.
Honra seja, portanto, àquelles que vão concluir a capella, e oxalá que todas as pessoas d’esta freguezia contribuam para tal fim.
Agora ha uma coisa séria a resolver e de que a mesma commissão vae tratar, que é de averiguar a forma como a imagem do Senhor d’Arieira, dada a Tavarede pelos proprietarios da extincta capella d’aquelle nome, foi ter à casa de deposito do cemiterio occidental d’essa cidade, sem que, segundo o que ouvimos, fosse auctorisado para o fazer qualquer dos membros da junta.
Eis um assumpto que aqui tem levantado grande celeuma, porque não só a imagem representa para os parochianos de Tavarede um grande valor, mas tambem porque estava destinada a occupar um logar determinado por um homem cuja memoria é sempre invocada com todo o respeito.
E, francamente, tambem não admittimos que a junta de parochia ou algum dos seus membros possa assim fazer, leviana e inconscientemente, offerta d’uma imagem d’aquellas, como se fôra uma coisa sem valor e que de direito não pertencesse à nossa freguezia, que é como quem diz aos tavaredenses.
Será bom que este caso se deslinde por homens que prezam os interesses e haveres da sua terra, e que não querem deixar-se lograr por quem não tem escrupulo em praticar actos tão melindrosos.
Sobre a imagem do Senhor da Areeira, encontrei uma notícia bastante mais recente, creio que na década de 1930/40, onde se referia que a imagem em questão, que, como lemos acima, estava guardada na capela do cemitério Ocidental da Figueira, para onde teria enviada, se iria procurar que se fizesse a sua devolução. Não me recordo, no entanto, de encontrar mais notícias deste assunto. Presumo que esta imagem está presentemente no Museu Municipal Dr. Santos Rocha mas, confesso, nunca procurei saber.
Ao fundo a capela do cemitério de Tavarede. Esta foto foi tirada por ocasião de uma homenagem à saudosa amadora Violinda Medina e Silva.
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