Não há muitos anos ainda, as famílias dos arredores da cidade criavam o seu porco, alimentado com as sobras das refeições e para o qual se cozinhava propositadamente a “lavagem”, com água, couves e farinha ou sêmea, o que permitia que o toucinho entremeado ficasse mais gostoso.
A matança, geralmente em Dezembro e escolhida a fase da lua conveniente, segundo a boa tradição popular, era pretexto para a reunião de toda a família. Faziam-se os bolos de sangue, as morcelas, as papas de moado, e conservavam-se na salgadeira os ossos e o toucinho. Preparavam-se os negritos, os chouriços e os presuntos que haviam de chegar para todo o ano, sem falar na banha, nos rojões, no sal de unto e nos torresmos. Os lombos assados no forno eram conservados em banha e comiam-se parcimoniosamente nos dias de festa. Até a cabeça era aproveitada, juntamente com as queixadas, a língua, as orelhas e os miolos, de que se preparava um prato requintado com ovos, pedaços de carne e miolo de pão.(Figueira do Passado ao Presente - Gastronomia e Culinária)
Recordo-me, nos meus tempos de criança, e, até, já de rapaz, os dias da matança do porco, quer em Tavarede, em casa dos meus avós paternos, quer em Reveles, em casa do meu tio Joaquim ou da minha tia Idalina.
Em Tavarede acabaram mais cedo. Minha avó morreu em 1946 e nunca mais houve aquela casa de trabalho, mas de fartura, que era apanágio das casas da aldeia dos que amanhavam as terras em maior ou menor dimensão.
A matança, geralmente em Dezembro e escolhida a fase da lua conveniente, segundo a boa tradição popular, era pretexto para a reunião de toda a família. Faziam-se os bolos de sangue, as morcelas, as papas de moado, e conservavam-se na salgadeira os ossos e o toucinho. Preparavam-se os negritos, os chouriços e os presuntos que haviam de chegar para todo o ano, sem falar na banha, nos rojões, no sal de unto e nos torresmos. Os lombos assados no forno eram conservados em banha e comiam-se parcimoniosamente nos dias de festa. Até a cabeça era aproveitada, juntamente com as queixadas, a língua, as orelhas e os miolos, de que se preparava um prato requintado com ovos, pedaços de carne e miolo de pão.(Figueira do Passado ao Presente - Gastronomia e Culinária)
Recordo-me, nos meus tempos de criança, e, até, já de rapaz, os dias da matança do porco, quer em Tavarede, em casa dos meus avós paternos, quer em Reveles, em casa do meu tio Joaquim ou da minha tia Idalina.
Em Tavarede acabaram mais cedo. Minha avó morreu em 1946 e nunca mais houve aquela casa de trabalho, mas de fartura, que era apanágio das casas da aldeia dos que amanhavam as terras em maior ou menor dimensão.
Em Reveles, por muitos anos eu ia para lá para assistir à matança do porco. Era, para mim, uma festa. Todos gostavam muito de lá me ter e faziam tudo para que eu me sentisse bem. E conseguiam-no, facilmente. Não sei em qual das casas eu me sentia melhor, com o tio Joaquim e a tia Palmira, se com a tia Idalina e o tio Cristino.
Acompanhava, passo a passo, todas as tarefas. Desde irem os homens buscar o animal ao curral, prendê-lo e sangrá-lo até ao amanhar. Depois ia com as mulheres até ao rio, onde lavavam as tripas.
O sarrabulho e as febras eram uma farturinha. À noite faziam os “tortalhos”, que, mais tarde, eram comidos quentes, normalmente com o café.
No dia seguinte, lá estava eu a assistir ao desmanchar o animal, separando as carnes para a salgadeira, as banhas para derreter e a prepararem os enchidos, que iam para o fumeiro.E que saborosos eram!...
Acompanhava, passo a passo, todas as tarefas. Desde irem os homens buscar o animal ao curral, prendê-lo e sangrá-lo até ao amanhar. Depois ia com as mulheres até ao rio, onde lavavam as tripas.
O sarrabulho e as febras eram uma farturinha. À noite faziam os “tortalhos”, que, mais tarde, eram comidos quentes, normalmente com o café.
No dia seguinte, lá estava eu a assistir ao desmanchar o animal, separando as carnes para a salgadeira, as banhas para derreter e a prepararem os enchidos, que iam para o fumeiro.E que saborosos eram!...
Anos mais tarde, era a matança do porco em casa do saudoso Eloi Domingues, que era um dia de festa para nós. Tenho belas recordações destas reuniões. Assistia, como sempre, às operações da matança e seguintes. Quando o animal já estava pronto para ser amanhado, havia petisco: bacalhau assado, passas de figo, tinto caseiro e geropiga que ele fabricava.
Ao almoço não faltava a tradicional sopa à lavrador, que pedia sempre 'bis'. Depois as febras, o sarrabulho, etc. Para fazer a digestão, e depois de pendurado o 'bicho', tinha sempre lugar rija disputa de 'garujo', onde se ouviam, a cada instante, as célebres 'cantigas' de seis, nove e por aí fora. Era assim, até à hora do jantar. Canja, febras fritas, papas de moado, etc.
Já lá vai tudo isto... Mas, as saudades, essas são muitas.
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