terça-feira, 13 de outubro de 2009

João Nunes da Silva Proa

Natural de Tavarede, filho de António da Silva Proa e de Emília Nunes do Espírito Santo. Casou com Zaida Augusta Pereira.
Multifacetado artista, exerceu funções profissionais na Hidráulica e na Direcção Distrital das Estradas, atingindo a reforma no posto de chefe da 6ª. Secção da Conservação de Estradas do Distrito de Coimbra.
No entanto, o seu verdadeiro talento mostrou-o como pintor, desenhador e músico. Muito novo, começou a colaborar com seu pai nas actividades associativas. Participou na tuna do “Bijou Tavaredense” e depois no Grupo de Instrução Tavaredense, do qual foi um dos fundadores e organizador, primeiramente de um grupo musical e, depois, de uma nova tuna.
Foi um talentoso compositor musical. Em 1899, para a comédia Perdão de Acto, levada à cena na Casa do Terreiro, ensaiada por João dos Santos, escreveu a música “de que a comédia era ornada, de uma suavidade graciosa, sem pretensões e cheia de um colorido pouco vulgar – conforme as situações – produziu um efeito magnífico quando cantada por aquele punhado de rapazes, que tão bem compreendeu o seu autor”.
Depois de fundada a Sociedade de Instrução Tavaredense, em Janeiro de 1904, foi o seu director e regente musical. A primeira peça musicada levada à cena pelo novo grupo cénico, Casamento da Grã-Duquesa, tinha música de sua autoria. “A música é lindíssima, e a sua execução pela orquestra regida pelo sr. João Proa, foi magistral”.
Escreveu música para muitos versos dos poetas Gaspar de Lemos e Cardoso Marta, além de outros inspirados versejadores figueirenses. Durante muitos anos, uma boa parte do reportório tocado pelo famoso Rancho das Rosas, da Figueira, era de sua autoria. Destes, ainda hoje são recordados, por vezes, Rosas de Carne e Vento que passas, talvez dos mais bonitos números de todos os ranchos que aqui existiram.
Como desenhador e pintor, a primeira notícia encontrada, data de Setembro de 1900 e refere que “estava a trabalhar num retrato a ‘crayon’ – tamanho natural – do bandarilheiro Torres Branco”.
Entre outros, deixou retratos de D. Maria Amália de Carvalho, professora primária em Tavarede, e de João de Oliveira Coelho, que reproduzimos nas notas respectivas.
“… acabamos de ver, em casa do seu autor, o novo projecto arquitectónico do nosso amigo Silva Proa, que se destina à construção dum prédio do sr. Abílio Águas, na Rua 10 de Agosto. O novo trabalho, pela harmonia do seu conjunto, pela flexibilidade das suas linhas elegantes… … seria de sobra a revelação de um verdadeiro temperamento artístico, se há muito não fossem conhecidos por todos os figueirenses os seus notáveis recursos de arquitecto distinto e artista abalizado”.
Também foi calígrafo distinto e hábil como constatámos pela seguinte nota: “… acaba de revelar os seus conhecimentos de desenhador e calígrafo distinto, num quadro em que é transcrito um extenso artigo biográfico sobre o extinto dr. Joaquim Pais da Cunha. Este trabalho é interessante, perfeito e digno de justo encómio”.
Na segunda metade de década de 1950 / 1960, fez uma longa viagem ao estrangeiro “pois a sua sensibilidade impelia-o para Itália, para admirar ao vivo as obras mais conhecidas dos grandes mestres europeus”.
Dessa viagem deixou vários trabalhos, nomeadamente desenhos retratando elementos da célebre escultura de Miguel Ângelo, “Pietá”, como, por exemplo, a “Cabeça de Cristo”, que aqui reproduzimos.
Também foi autor de vários projectos de edifícios construídos na Figueira da Foz. Morreu em Soure, onde se encontra sepultado.


(Caderno: Tavaredenses com história)


Como acima referi, João Proa escreveu a música para a opereta 'Casamento da Grã Duqueza'. Não se encontra a partitura nem o libreto. Como a notícia diz que a música 'é lindíssima', aqui junto a parte de 1º. violino que, pela semelhança da letra, foi escrita mesmo pelo autor. Talvez o nosso amigo Maestro João Cascão possa dizer alguma coisa pois, para mim, isto... é música.


1 comentário:

  1. Caro Vítor:
    Deixa passar uns dias, para eu poder acabar o número que está em ensaio no Coral, que depois vou ver o que isto é. De acordo?
    Um grande abraço e um beijo à Isabel.
    J. Cascão

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