Apesar de todos os problemas que, naqueles conturbados tempos, afligiam a colectividade, nem por isso as 'alfinetadas' deixaram de surgir na imprensa figueirense. Sob o título "BOA PIADA!", foi publicada, no jornal 'O Figueirense', de Dezembro de 1928, a seguinte nota:
"O nosso colega desta terra, do outro jornal da Figueira é, por vezes, interessante.
Na sua correspondência de 6 do corrente, insére um esclarecimento – Para evitar equivocos – que bem demonstra à evidência a maneira agil e certeira, mas disfarçada, como se ergue ao ar para pregar o seu panásio.
Diz o tal escrito que, tendo constado nessa cidade que no domingo, 9, haverá “matinée”, - e prosseguia – para evitar equivocos esclarecemos que não é no grupo... – da sua Sociedade, está claro, que se dava a matinée.
Esta é da gente se benzer...
Com certeza o auctor do tal equivoco não percorreu as principais ruas da Figueira: porque se o tivésse feito, viria espalhados em quási todas as montras dos estabelecimentos, um largo cartaz-réclame e em letras bem viziveis: - Teatro no Grupo Musical e d’Instrução Tavaredense, representando-se a opereta, Noite de Santo Antonio.
O colega perdeu uma bela ocasião de estar calado, porque em nada prejudicou o brilho com que se organisou a matinée de domingo, porque o teatro encheu-se completamente com gente que veio aqui, provavelmente por engano...
Lembre-se, sr. correspondente, que escusado será atacar o Grupo Musical, directa ou indirectamente, porque ainda há dentro das suas paredes homens capazes de o defender, quando atingido pelos inimigos.
Boa piada... ou palermice?..."
Na sua correspondência de 6 do corrente, insére um esclarecimento – Para evitar equivocos – que bem demonstra à evidência a maneira agil e certeira, mas disfarçada, como se ergue ao ar para pregar o seu panásio.
Diz o tal escrito que, tendo constado nessa cidade que no domingo, 9, haverá “matinée”, - e prosseguia – para evitar equivocos esclarecemos que não é no grupo... – da sua Sociedade, está claro, que se dava a matinée.
Esta é da gente se benzer...
Com certeza o auctor do tal equivoco não percorreu as principais ruas da Figueira: porque se o tivésse feito, viria espalhados em quási todas as montras dos estabelecimentos, um largo cartaz-réclame e em letras bem viziveis: - Teatro no Grupo Musical e d’Instrução Tavaredense, representando-se a opereta, Noite de Santo Antonio.
O colega perdeu uma bela ocasião de estar calado, porque em nada prejudicou o brilho com que se organisou a matinée de domingo, porque o teatro encheu-se completamente com gente que veio aqui, provavelmente por engano...
Lembre-se, sr. correspondente, que escusado será atacar o Grupo Musical, directa ou indirectamente, porque ainda há dentro das suas paredes homens capazes de o defender, quando atingido pelos inimigos.
Boa piada... ou palermice?..."
Mas, dias depois, surge, no mesmo jornal, uma carta dirigida ao director do mesmo por um ex-amador do grupo cénico do Grupo Musical, em que continua a bater na mesma 'tecla'.
A PROPÓSITO DAQUELA = BÔA PIADA
"Amº. Snr. Gomes d’Almeida - Como os tectos do seu jornal ainda são aqueles que noutros tempos deram guarida à minha pobre dedicação e expontanea amizade, eu não receio acreditar que mais uma vez as suas colunas sejam capazes de albergar duas dasataviadas e descoloridas linhas, escritas e rubricadas por mim - que sou maior e vacinado.
Trata-se dum caso a que achei imensa graça. Tanta, que me não coíbo de afirmar que ha muito tempo me não rio com tamanha vontade, tal o espírito que o revéste...
Eu conto:
- Com aquele entusiasmo aliás bem próprio de quem está ausente e muito gosta da sua terra - embora dela, por circunstancias da vida, ande expontaneamente arredio -, eu leio aqui os jornais da Figueira com grande sofreguidão, tal a sêde de um melhor e mais agradavel contacto com as coisas que se prendem com o seu movimento moral e material.
Sucede que ha dias deparei com uma correspondencia n’A Voz, sobre assuntos de Tavarêde e logo a seguir com outra n’O Figueirense, em que o seu auctor se ocupava da sobredita cuja...
Li uma e outra e, francamente, achei imensa piada áquele dos correspondentes que mais piada tinha e que possivelmente ainda hoje tem e ha de ter sempre, tal o espírito gracioso que lhe está na massa do pêlo - salvo seja...
Ora sendo eu de Tavarêde e muito bem conhecendo o meio, apezar de ha perto de dois anos residir em Sintra, tambem sobre o caso quero meter colherada, não para estar com retóricas com quem as não merece, mas simplesmente para dar um conselho - passe o termo - ao sr. C. que da minha terra para O Figueirense escreve coisas, entre outras sobre o Grupo Musical e d’Instrução Tavaredense, que tambem é muito da minha afeição, graças a Deus.
Este conselho resume-se nisto:
Como o Grupo Musical e d’Instrução é indubitavelmente uma das associações de Tavarêde que mais incansavelmente pugna pelo seu melhor futuro e consequentemente pelo cada vez mais digno e honroso nome da linda aldeia onde alicerçou a sua vida; como o Grupo Musical e d’Instrução, com a sua explendida e gloriosa secção dramatica, com a sua magnifica e afamada tuna, com as suas aulas de instrução primária e de música, etc., está muito acima do nível em que o pretende pôr o requintado e venenoso ódio de um infeliz qualquer que pensa que nas luctas entre classes, entre correntes ou facções só se triunfa humilhando os adversários; como o Grupo Musical e d’Instrução é constituido por gente absolutamente digna e limpa, eu dou por conselho ao sr. C. de O Figueirense que não deve de futuro esmurrar o bico da sua... bota com semelhante bípede (??) se por ventura ele lhe tornar a sahir assim tão atrevidamente ao caminho. Quando muito, limite-se, como eu, a rir, a rir sempre...
Não se podem gabar: no Coliseu dos Recreios, de Lisboa, os palhaços, nem no Jardim Zoologico os habitantes da respectiva “Aldeia dos Macacos”, indubitavelmente mais gastronomos duma requintada e expontanea comicidade, que já dalguma vez fossem capazes de me fazer rir com tanta vontade como a leitura do tal aviso do amigo dos progressos de Tavarêde ha dias inserto nas colunas d’ A Voz da Justiça.
Para evitar equivocos, o tal aviso - publicado com certeza por equivoco do director daquele jornal -, anunciava às gentes frequentadoras de matinées em Tavarede que aquela que ia ter logar não era da sua sociedade...
Isto é simplesmente piramidal, palavra d’honra!!!
O que queria o luminoso correspondente dizer com isto?
Provavelmente que a peça da “trempe” Amargo, Martins & Rocha era um pouco... extemporânea.
Efectivamente, uma opereta que se intitula Noite de Santo Antonio, em pleno e rigoroso Dezembro, francamente, cheira a Presepio...
E nas noites interminavelmente longas e frias de inverno, em que predomina a boa castanha e a saltitante agua-pé, o que mais apetece é... agua-pé... e castanhas...
Ora continue o G.M. e d’I.T. a sua sublime obra, luctando titanicamente pela conquista do Sacrosanto Pendão do seu Ideal que o resto o futuro o dirá.
Se Tavarede possue hoje o legítimo orgulho de ser no districto de Coimbra uma das povoações que vae na vanguarda, da instrução e na educação musico teatral, para isso o Grupo Musical, em 17 anos de vida honesta e briosa, com alguma coisa concorreu.
Ha alguem de reconhecida probidade e são criterio capaz de o negar?
Desculpe, sr. director, este massador que grato se confessa pela atenção dispensada, e aqui se põe incondicionalmente ao dispôr do seu jornal, no que lhe possa ser util.
Mas que quer. Como sou possivelmente mais velho que o solicito correspondente da minha terra e tenho portanto, mais pratica da vida, quiz dar-lhe o conselho de se rir com o feliz meteoro que surgiu ali no Estendal."
"Amº. Snr. Gomes d’Almeida - Como os tectos do seu jornal ainda são aqueles que noutros tempos deram guarida à minha pobre dedicação e expontanea amizade, eu não receio acreditar que mais uma vez as suas colunas sejam capazes de albergar duas dasataviadas e descoloridas linhas, escritas e rubricadas por mim - que sou maior e vacinado.
Trata-se dum caso a que achei imensa graça. Tanta, que me não coíbo de afirmar que ha muito tempo me não rio com tamanha vontade, tal o espírito que o revéste...
Eu conto:
- Com aquele entusiasmo aliás bem próprio de quem está ausente e muito gosta da sua terra - embora dela, por circunstancias da vida, ande expontaneamente arredio -, eu leio aqui os jornais da Figueira com grande sofreguidão, tal a sêde de um melhor e mais agradavel contacto com as coisas que se prendem com o seu movimento moral e material.
Sucede que ha dias deparei com uma correspondencia n’A Voz, sobre assuntos de Tavarêde e logo a seguir com outra n’O Figueirense, em que o seu auctor se ocupava da sobredita cuja...
Li uma e outra e, francamente, achei imensa piada áquele dos correspondentes que mais piada tinha e que possivelmente ainda hoje tem e ha de ter sempre, tal o espírito gracioso que lhe está na massa do pêlo - salvo seja...
Ora sendo eu de Tavarêde e muito bem conhecendo o meio, apezar de ha perto de dois anos residir em Sintra, tambem sobre o caso quero meter colherada, não para estar com retóricas com quem as não merece, mas simplesmente para dar um conselho - passe o termo - ao sr. C. que da minha terra para O Figueirense escreve coisas, entre outras sobre o Grupo Musical e d’Instrução Tavaredense, que tambem é muito da minha afeição, graças a Deus.
Este conselho resume-se nisto:
Como o Grupo Musical e d’Instrução é indubitavelmente uma das associações de Tavarêde que mais incansavelmente pugna pelo seu melhor futuro e consequentemente pelo cada vez mais digno e honroso nome da linda aldeia onde alicerçou a sua vida; como o Grupo Musical e d’Instrução, com a sua explendida e gloriosa secção dramatica, com a sua magnifica e afamada tuna, com as suas aulas de instrução primária e de música, etc., está muito acima do nível em que o pretende pôr o requintado e venenoso ódio de um infeliz qualquer que pensa que nas luctas entre classes, entre correntes ou facções só se triunfa humilhando os adversários; como o Grupo Musical e d’Instrução é constituido por gente absolutamente digna e limpa, eu dou por conselho ao sr. C. de O Figueirense que não deve de futuro esmurrar o bico da sua... bota com semelhante bípede (??) se por ventura ele lhe tornar a sahir assim tão atrevidamente ao caminho. Quando muito, limite-se, como eu, a rir, a rir sempre...
Não se podem gabar: no Coliseu dos Recreios, de Lisboa, os palhaços, nem no Jardim Zoologico os habitantes da respectiva “Aldeia dos Macacos”, indubitavelmente mais gastronomos duma requintada e expontanea comicidade, que já dalguma vez fossem capazes de me fazer rir com tanta vontade como a leitura do tal aviso do amigo dos progressos de Tavarêde ha dias inserto nas colunas d’ A Voz da Justiça.
Para evitar equivocos, o tal aviso - publicado com certeza por equivoco do director daquele jornal -, anunciava às gentes frequentadoras de matinées em Tavarede que aquela que ia ter logar não era da sua sociedade...
Isto é simplesmente piramidal, palavra d’honra!!!
O que queria o luminoso correspondente dizer com isto?
Provavelmente que a peça da “trempe” Amargo, Martins & Rocha era um pouco... extemporânea.
Efectivamente, uma opereta que se intitula Noite de Santo Antonio, em pleno e rigoroso Dezembro, francamente, cheira a Presepio...
E nas noites interminavelmente longas e frias de inverno, em que predomina a boa castanha e a saltitante agua-pé, o que mais apetece é... agua-pé... e castanhas...
Ora continue o G.M. e d’I.T. a sua sublime obra, luctando titanicamente pela conquista do Sacrosanto Pendão do seu Ideal que o resto o futuro o dirá.
Se Tavarede possue hoje o legítimo orgulho de ser no districto de Coimbra uma das povoações que vae na vanguarda, da instrução e na educação musico teatral, para isso o Grupo Musical, em 17 anos de vida honesta e briosa, com alguma coisa concorreu.
Ha alguem de reconhecida probidade e são criterio capaz de o negar?
Desculpe, sr. director, este massador que grato se confessa pela atenção dispensada, e aqui se põe incondicionalmente ao dispôr do seu jornal, no que lhe possa ser util.
Mas que quer. Como sou possivelmente mais velho que o solicito correspondente da minha terra e tenho portanto, mais pratica da vida, quiz dar-lhe o conselho de se rir com o feliz meteoro que surgiu ali no Estendal."
Numa coisa este último correspondente tinha, sem dúvida, grande razão. Foi devido às duas colectividades então existentes, que Tavarede se desenvolveu culturalmente e se tornou conhecida por esse País fora. Infelizmente não foi esta rivalidade que levou ao fim do brilhante grupo cénico do Grupo Musical. Nas, enfim, depois veremos o que aconteceu.
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