O repertório do grupo cénico ia alargando. Os amadores aumentaram em número e em qualidade e o ensaiador, José Ribeiro, conhecedor do gosto do público, fez representar, em 9 de Abril de 1932, uma outra peça notável e de acentuado sabor popular, “As pupilas do Senhor Reitor”. “Toda a montagem representa um esforço grande, digno de nota e nada vulgar em amadores. Acrescente-se a tudo isto a bela partitura de Filipe Duarte – 23 números de música deliciosamente portuguesa, de melodia que cai agradavelmente no ouvido e de esplêndidos efeitos de orquestração”.
Digno de registo o apontamento de que “a Sociedade utiliza o seu teatro como instrumento de educação e não de lucros monetários. Atendendo a isto, o autor da peça, sr. Penha Coutinho, e a viúva do maestro Filipe Duarte, cederam a obra à SIT com dispensa absoluta de todos os direitos”. O êxito terá sido enorme, segundo a crítica encontrada.
Em fins de Maio daquele ano, acedendo às solicitações que lhe foram feitas, a amadora Violinda Medina, ainda foi colaborar com o grupo cénico do Ginásio Figueirense, na representação da peça “O Rei da Lã”, a que se referiu um crítico escrevendo “..... o desempenho foi entregue a um grupo de bons amadores, entre eles alguns, sem favor, dos melhores que conhecemos na Figueira. Violinda Medina e Silva, amadora distinta, que tem na partitura a parte principal, de grande responsabilidade, brilhou e venceu”. Terá sido, nesta peça, a última vez que Violinda Medina colaborou no grupo cénico do Ginásio. Embora mais vezes solicitada, inclusivamente por seu marido, que também foi um devotado amador do Ginásio, nunca mais representou noutro grupo que não o de Tavarede, sua terra natal.
“As pupilas do Senhor Reitor” e “Os Fidalgos da Casa Mourisca”, que entretanto reiniciou a sua carreira, foram apresentadas em Tomar, Figueira e Buarcos. A propósito da representação da segunda daqueles peças em Buarcos, o jornal “Gazeta de Coimbra” publica a seguinte apreciação do antigo amador conimbricense e autor de várias peças teatrais, Carlos de Almeida. “ ... a récita no teatro de Buarcos pelo excelente grupo cénico de Tavarede, que representou o drama “Os Fidalgos da Casa Mourisca”, uma das mais bonitas peças extraídas da obra de Júlio Dinis. Mais uma vez fiquei assombrado com o desempenho dado a uma peça cheia de dificuldades por gente modesta, sem cultura dramática. Por vezes me esqueci e julguei estar vendo representar autênticos profissionais e não gente duma simpática aldeia, em geral operários. O grupo de mulheres possui competências que não se discutem”.
Em Outubro desse ano, novo êxito começou a ser ensaiado em Tavarede, “Canção do Berço”, numa tradução e adaptação do espanhol pelo distinto poeta dr. Carlos Amaro, que gentilmente a ofereceu à SIT. “ Canção do Berço ” é um mimo literário, uma verdadeira obra de arte, cuja acção decorre num convento de freiras dominicanas”. Mais para a frente recordaremos um caso interessante ocorrido com esta peça, numa récita dada na Figueira, em benefício da Misericórdia.
Sem comentários:
Enviar um comentário