Nesta sessão, usou também da palavra o “inteligente académico sr. dr. Manuel Lontro Mariano.......... que se referiu, com elevação, aos largos benefícios que trazem às povoações, colectividades que se impõem pela generosidade dos seus programas e pela elevação da sua obra de beleza, em cujo número, com justiça, tem de se contar com a simpática Sociedade de Instrução Tavaredense”.
Em Setembro de 1931 faleceu o sócio número 1 da colectividade, da qual havia sido um dos fundadores, Manuel Rodrigues Tondela. Durante muitos anos, enquanto a sua saúde o permitiu, foi professor da escola nocturna. Suas filhas, foram das mais valiosas amadoras do grupo dramático.
E em Maio do mesmo ano, outra grande figura da história da colectividade faleceu, João dos Santos, proprietário da casa onde se achava instalada a sede da Sociedade que, juntamente com a quinta dos Condados e outras propriedades, herdara de João José da Costa e de sua esposa, D. Emília Duarte da Costa. “..... sendo esta colectividade um poderoso elemento de educação popular na nossa terra, é de justiça dizer que a Sociedade de Instrução teve em João dos Santos um benemérito amigo, a quem muito ficou devendo: além de outros auxílios materiais, cedeu à prestante colectividade, desde a sua fundação, a casa onde funciona, sem nunca lhe cobrar a mais insignificante renda”. Os seus herdeiros, durante cerca de uma dezena de anos, seguiram o mesmo exemplo.
Merece registo um espectáculo que, em Julho de 1931, se realizou no Casino Peninsular, em benefício do Jardim-Escola João de Deus. Representaram, uma vez mais, a fantasia “A Cigarra e a Formiga” mas, nesta récita, o grupo cénico tavaredense teve a honra da participação de uma das maiores actrizes portuguesas da época, Ilda Stichini. “Quando Ilda Stichini apareceu em cena, a assistência irrompeu numa extraordinária, prolongada e calorosa ovação, que bem lhe deve ter mostrado como é querida do público figueirense. Os versos da “Fantasia” disse-os a Artista ilustre com a vibração da sua delicada sensibilidade e a magia da sua voz. A assistência aplaudiu demoradamente, com sincero entusiasmo. Mas o número do “Riso”, que Alberto de Lacerda escreveu expressamente para Ilda Stichini, deixou verdadeiramente encantados os que a ouviram e se manifestaram com uma das mais vibrantes e expontâneas e demoradas ovações que naquele teatro se têm ouvido”.
Esta artista, em Outubro seguinte, visitou a sede da colectividade, em Tavarede, tendo sido recebida por, além de outros elementos, “todas as amadoras do grupo, que ofereceram à gloriosa actriz um ramo de flores”. Ilda Stichini, depois de visitar o teatro e a escola, ofereceu-lhe “uma fotografia sua com gentil dedicatória”.
A época teatral de 1931/1932 abriu no dia 28 de Novembro. Representou-se “Os Fidalgos da Casa Mourisca”, uma adaptação do célebre romance de Júlio Dinis. Entre os intérpretes “têm papéis importantes os distintos amadores Violinda Medina e Silva e Manuel Nogueira, que eram dos melhores valores do Grupo Musical Tavaredense”.
Sobre esta estreia, escreveu-se no relatório daquele ano: “É de notar que “Os Fidalgos da Casa Mourisca” apenas foram à cena quatro vezes e que somente na primeira representação as famílias dos sócios não tiveram 60% de desconto nas suas entradas. Contava a Direcção que a peça se representasse mais vezes, razão que a levou a diminuir bastante o preço dos bilhetes das famílias dos sócios, medida que lhes pareceu seria recompensada por um maior número de representações. Infelizmente factores diversos, contrários e imperiosos à sua vontade, e também à do ilustre director da secção dramática, obstaram a que a peça continuasse em cena por mais tempo. Dizendo que a peça agradou é pura verdade. Que os amadores são óptimos, ninguém o poderá negar. Que a Direcção os admira, todos o sabem e até eles próprios, visto que nas quatro representações efectuadas, lhes deveria ter vibrado bem a sua alma de tavaredenses, com as aclamações frenéticas recebidas, até de ilustres figueirenses”.
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