sábado, 21 de novembro de 2009

CULTURA - ARTE MENOR

Senhor Vereador António Tavares:
Permita-me V.Exª. que discorde da sua opinião, apesar da minha cultura ser muitíssimo inferior à sua. Desde muito novo frequentando as colectividades da minha terra, e não só, tenho por elas a maior devoção. Na Sociedade de Instrução Tavaredense, como um muito pequeno amador, tive por Mestre aquela grande figura de Homem da Cultura que se chamou José da Silva Ribeiro. Com ele e com os amadores da 'sua' escola, aprendi muito.

Tenho acompanhado de perto a actividade daquela colectividade e admira-me muito o seu parecer de que o Teatro 'de certa forma parou no tempo, sendo hoje uma espécie de arqueologia do teatro, ainda com a banda a acompanhar"

Estou a adivinhar o que vai ser a vida das colectividades concelhias enquanto V.Exª. estiver como responsável pelo Pelouro que as tutela.

A propósito daquela sua afirmação, gostaria de solicitar aos dirigentes da Sociedade de Instrução Tavaredense que pedissem uma visita de V.Exª. à sua sede para tomar conhecimento da sua actividade teatral, que decorridos 105 anos (quase) a fazer Teatro, continua activa, mantendo uma acção ininterrupta levando à cena todos os anos peças novas, embora sem 'bandas' a acompanhar porque, e com pena o digo, tendo sido Tavarede uma terra de músicos, hoje são muito poucos os que se dedicam a tão nobre Arte.

Mas, senhor Vereador, abençoadas sejam as colectividades do nosso concelho que continuam a fazer teatro com as suas bandas a acompanhar. São espectáculos culturais, com raizes populares, e que, de certa forma, ajudam o Povo que a eles assistem, se divirtam um pouco, talvez o suficiente para esquecer, por uns momentos, as dificuldades da vida quotidiana, sem que vejam os nossos governantes tomarem medidas que os protejam.

Talvez também a direcção do Lions Clube da Figueira da Foz tenha alguma coisa a esclarecer V.Exª. sobre a actividade teatral no nosso concelho. O esforço que anualmente dispendem com a realização das 'Jornadas do Teatro Amador da Figueirá da Foz' certamente que o esclarecerão que, por enquanto, o Teatro na Figueira ainda não é 'uma espécie de arqueologia'.

Ainda continuo a acreditar, senhor Vereador, que o Associativismo é muito importante para a cultura e vida social do nosso Povo. Se calhar não terá tido o devido apoio de quem o devia apoiar...

Lamento, senhor Vereador, o seu pouco tempo para a Cultura concelhia. Mas, mesmo assim, aproveito para incitar as colectividades do nosso Concelho, que com tanta dedicação e esforço, continuam a dedicar-se à cultura dos povos das suas terras, pelo Teatro, pela Música, pelo Folclore, pelo Convívio, pela Fraternidade, a prosseguirem a sua nobre acção. E, acredite, bem difícil é ser dirigente associativista, mormente lendo as palavras do senhor Vereador do Pelouro da Cultura no Concelho da Figueira da Foz.

1 comentário:

  1. Amigo Vítor, ainda não tinha tomado conhecimento desta afirmação do DR. António Tavares, mas estou chocada!!
    Infelizmente, hoje em dia, com os problemas com que o mundo se enfrenta, a cultura fica um pouco para trás.
    A minha geração, isto é, os jovens de hoje em dia, já pouco se preocupam com a actividade cultural e, depois, neste mísero país que temos, vêm dirigentes que "não têm tempo para a cultura"!! Depois, venham dizer que a juventude se perde nos bares e discotecas, no mundo das drogas e do alcool...Pois claro - se não há tempo para a cultura, se não há quem os incentive a trocar a discoteca pela sala de espectáculos, o centro comercial por uma exposição, como é que querem que o mundo não esteja perdido?
    Com muita pena minha, é o país que temos!
    Cumprimentos,
    Inês Fonseca

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