Mas em Tavarede, terra pequena onde todos se conheciam e eram familiares, parece ter sempre havido o mau costume dos ditos e mexericos”, à mistura com um pouco de inveja e uma boa dose de má-língua.
Ora apreciem este retalho escolhido de um jornal figueirense, de Junho de 1912. “Pedem-nos um reparo pelas palavras alguem, que se enfeita com pennas de pavão, escreveu sem repugnacia de mentir. Ora lêiam:
-”Poucos são os domingos, à noite, em que não haja desordens começadas nos estabelecimentos locaes ou nas danças que alguns garotos promovem em plena rua.
Bom será que a auctoridade administrativa ponha cobro a taes abusos”.
Ora apreciem este retalho escolhido de um jornal figueirense, de Junho de 1912. “Pedem-nos um reparo pelas palavras alguem, que se enfeita com pennas de pavão, escreveu sem repugnacia de mentir. Ora lêiam:
-”Poucos são os domingos, à noite, em que não haja desordens começadas nos estabelecimentos locaes ou nas danças que alguns garotos promovem em plena rua.
Bom será que a auctoridade administrativa ponha cobro a taes abusos”.
É mentir descaradamente, dizendo que tem havido desordens nas danças ultimamente realisadas. Nas tabernas sim, é verdade, porque é costuime da terra que a regedoria-sapateira não deixa desapparecer, nem a marmeleiro.
A causa, caros leitores, que levou esse alguem a escrever esta mentira - insulto a considerados filhos d’esta terra - pedindo a prohibição das danças na arteria publica, é simplesmente um odio que corroe o coração d’essa creatura, que claramente vê dia a dia prosperar a lovem collectividade, á qual pertencem os promotores dos divertimentos domingueiros; sociedade, onde se encontram associados os mais dilectos filhos d’esta povoação, que com amor a defendem e trabalham para a sua felicidade, e a unica que mais esperanças dá para o futuro do povo de Tavarede, que lhe dedica toda a sua sympathia e applausos.
Teem-se dado tantas desordens em Tavarede sem que, ao menos, uma palavra escrevesse sobre isso o pacato que muito bem sabia que ellas se davam, devido aos maus conselhos da nossa real auctoridade local. Porque não se referiria a ellas? É porque o regedor seja dos seus ou o periodico para onde escreve não lhe consentiria amargos a tão alta pessoa? Porque esse alguem não combateu tambem, como era de justiça, visto ser uma provocação, uma dança que a Sociedade d’Instrução promoveu, quando d’uma merenda, que mais tarde resultou uma séria desordem? Porque não chamou a toda essa gente garotos e imbecis? Não responde, porque não terá razão para isso...
Comprehende-se bem todo este odio. Trata-se de combater o sympathico Grupo Musical, que todos os bons tavaredenses apoiam; trata-se de chamar garotos a homens que se prézam de ser honrados e considerados, que estimam e são leaes para com os adversários que sem pejo e vergonha, os anavalham traiçoeiramente.
Valha-nos ao menos, estamos certos d’isso, termos uma auctoridade administrativa que providenciará as desordens, mas não evitará a alegre mocidade de gozar em franca harmonia.
Ainda bem, porque assim o odio ha-de pouco a pouco elevar o pobre alguem ao cemiterio mysterioso onde dorme o somno eterno a benemérita commissão do relogio da torre, que é caminho traçado por elle proprio...
Mais... nada”.
Pode dizer-se que foi o início das hostilidades entre as duas colectividades locais que durante bastantes anos mantiveram uma rivalidade muito pouco pacífica. É certo que algumas vezes os responsáveis pelas mesmas, compreenderam que, para um melhor desenvolvimento sócio-cultural da terra, era bem mais importante a união do que a desunião e a guerrilha. E, então, havia períodos de bom entendimento e mútua colaboração. Mas, volta que não não volta, tudo regressava à forma antiga.
É natural que a jovem colectividade, mostrando, desde logo o seu início, uma enorme actividade cultural, no teatro e na música, suscitasse um pouco de inveja. Diga-se com justiça, no entanto, que não era a totalidade dos respectivos elementos que fomentavam tais questões. Muitos deles até eram sócios das duas associações e desejavam o seu progresso, pois isso reflectir-se-ia na qualidade de vida dos tavaredenses de então. Mas um ou outro lá havia que, intencionalmente, procurava lançar a confusão.
Foi assim que em Novembro de 1912, o então secretário da Assembleia Geral que, pelo aniversário comemorado três meses antes, tão elogioso se mostrara para com os seus colegas da Direcção, fez publicar uma declaração na imprensa em que informa pedir a demissão daquele cargo “por não querer estar onde predominam absolutos e ignorantes, que combatem a instrução e apoiam o vício da taberna!!!”. Algo de grave deveria ter ocorrido, tanto mais que na edição seguinte do mesmo jornal, é o próprio presidente da Assembleia Geral quem lhe vem dar razão, afirmando mesmo que não era da opinião do que se “fez naquele Grupo”.
A causa, caros leitores, que levou esse alguem a escrever esta mentira - insulto a considerados filhos d’esta terra - pedindo a prohibição das danças na arteria publica, é simplesmente um odio que corroe o coração d’essa creatura, que claramente vê dia a dia prosperar a lovem collectividade, á qual pertencem os promotores dos divertimentos domingueiros; sociedade, onde se encontram associados os mais dilectos filhos d’esta povoação, que com amor a defendem e trabalham para a sua felicidade, e a unica que mais esperanças dá para o futuro do povo de Tavarede, que lhe dedica toda a sua sympathia e applausos.
Teem-se dado tantas desordens em Tavarede sem que, ao menos, uma palavra escrevesse sobre isso o pacato que muito bem sabia que ellas se davam, devido aos maus conselhos da nossa real auctoridade local. Porque não se referiria a ellas? É porque o regedor seja dos seus ou o periodico para onde escreve não lhe consentiria amargos a tão alta pessoa? Porque esse alguem não combateu tambem, como era de justiça, visto ser uma provocação, uma dança que a Sociedade d’Instrução promoveu, quando d’uma merenda, que mais tarde resultou uma séria desordem? Porque não chamou a toda essa gente garotos e imbecis? Não responde, porque não terá razão para isso...
Comprehende-se bem todo este odio. Trata-se de combater o sympathico Grupo Musical, que todos os bons tavaredenses apoiam; trata-se de chamar garotos a homens que se prézam de ser honrados e considerados, que estimam e são leaes para com os adversários que sem pejo e vergonha, os anavalham traiçoeiramente.
Valha-nos ao menos, estamos certos d’isso, termos uma auctoridade administrativa que providenciará as desordens, mas não evitará a alegre mocidade de gozar em franca harmonia.
Ainda bem, porque assim o odio ha-de pouco a pouco elevar o pobre alguem ao cemiterio mysterioso onde dorme o somno eterno a benemérita commissão do relogio da torre, que é caminho traçado por elle proprio...
Mais... nada”.
Pode dizer-se que foi o início das hostilidades entre as duas colectividades locais que durante bastantes anos mantiveram uma rivalidade muito pouco pacífica. É certo que algumas vezes os responsáveis pelas mesmas, compreenderam que, para um melhor desenvolvimento sócio-cultural da terra, era bem mais importante a união do que a desunião e a guerrilha. E, então, havia períodos de bom entendimento e mútua colaboração. Mas, volta que não não volta, tudo regressava à forma antiga.
É natural que a jovem colectividade, mostrando, desde logo o seu início, uma enorme actividade cultural, no teatro e na música, suscitasse um pouco de inveja. Diga-se com justiça, no entanto, que não era a totalidade dos respectivos elementos que fomentavam tais questões. Muitos deles até eram sócios das duas associações e desejavam o seu progresso, pois isso reflectir-se-ia na qualidade de vida dos tavaredenses de então. Mas um ou outro lá havia que, intencionalmente, procurava lançar a confusão.
Foi assim que em Novembro de 1912, o então secretário da Assembleia Geral que, pelo aniversário comemorado três meses antes, tão elogioso se mostrara para com os seus colegas da Direcção, fez publicar uma declaração na imprensa em que informa pedir a demissão daquele cargo “por não querer estar onde predominam absolutos e ignorantes, que combatem a instrução e apoiam o vício da taberna!!!”. Algo de grave deveria ter ocorrido, tanto mais que na edição seguinte do mesmo jornal, é o próprio presidente da Assembleia Geral quem lhe vem dar razão, afirmando mesmo que não era da opinião do que se “fez naquele Grupo”.
Nota - Procurei transcrever todos os apontamentos recolhidos, com a ortografia então em vigor. Mas, como compreenderão, é difícil evitar alguns erros, pelo que peço desculpa.
Como lemos acima, a rivalidade era grande, mas com boas abertas... Dissémos, na história da SIT, que as suas duas revistas levadas à cena, eram de 'ataque' ao Grupo. Veremos isso, mais detalhadamente, no próximo capítulo.
Fotografias- 1 . Largo do Paço. A sede do GMIT era na segunda casa à esquerda; 2 - Um piquenine organizado pelo Grupo.
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