sábado, 21 de novembro de 2009

Os Broeiros

ANTÓNIO DA SILVA BROEIRO

Natural de Tavarede, nasceu no dia 25 de Abril de 1886, filho de José Maria da Silva Broeiro e de Adelaide Oliveira. Foi casado com Rosa Oliveira e faleceu na Figueira da Foz, em 6 de Março de 1945.


De origem muito humilde, aprendeu o ofício de sapateiro, abrindo, posteriormente, um estabelecimento do ramo, a Sapataria Elite, na Figueira da Foz, que granjeou enorme popularidade e cujos clientes nele apreciavam as suas excelentes qualidades de trabalho, honestidade e simpatia.
Desde muito novo que colaborou com o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense e, antes da sua fundação, com o grupo dirigido por João dos Santos, na casa do Terreiro.
Na sua longa carreira de amador, encarnou e deu vida a mais de 60 personagens, em peças como Em busca da Lúcia Lima, Noite de S. João, O Sonho do Cavador, A Cigarra e a Formiga, Os Fidalgos da Casa Mourisca, A Morgadinha dos Canaviais, O Grande Industrial, Génio Alegre, Entre Giestas, A Morgadinha de Valflor e A Nossa Casa, peça em que participou, pela última vez, em 1943.
Foi director durante vários anos e tem o seu retrato exposto no salão nobre da colectividade.
Deste tavaredense, merecem ser recordadas algumas das palavras que pronunciou numa sessão solene da SIT, poucos anos antes de falecer:
“Eu sou o que a Sociedade de Instrução Tavaredense de mim fez. Devo-lhe tudo. Comecei lá em baixo, na escola da noite, onde me ensinaram a ler, escrever e contar. Só à noite podia ir à escola: teria ficado analfabeto se não fosse a escola nocturna. Depois trouxeram-me para o teatro, ensinaram-me a compreender o que lia, ensinaram-me a falar, a conversar, a ouvir. Aqui fui instruído e educado. Recebi lições, aprendi coisas, tive ensinamentos, fixei exemplos que me serviram pela vida fora. A acção da Sociedade de Instrução Tavaredense exemplifico-a em mim próprio”.


JAIME DA SILVA BROEIRO

Natural de Tavarede, onde nasceu no ano de 1887, filho de José Maria da Silva Broeiro e de Adelaide Oliveira. Faleceu em Lisboa, a 19 de Agosto de 1945, com 58 anos de idade.
Sapateiro de profissão, aprendeu a ler e a escrever na escola nocturna da Sociedade de Instrução Tavaredense.


Desde muito novo começou a entrar no teatro. Foi um dos melhores amadores do seu tempo, desempenhando, com a maior naturalidade, os papéis de “característico”.
Amor de Perdição, Em busca da Lúcia-Lima, O Sonho do Cavador, A Cigarra e a Formiga, Os Fidalgos da Casa Mourisca, As pupilas do Senhor Reitor, Justiça de Sua Majestade, A Morgadinha de Valflor e O Grande Industrial, foram algumas das peças em que participou.
Representou pela última vez em 1937, na peça Entre Giestas, desempenhando o papel de Simão Geadas.
Fez parte dos corpos directivos da Sociedade de Instrução Tavaredense durante vários mandatos. Esta colectividade distinguiu-o como “Sócio Honorário”, no ano de 1931. Tem o seu retrato no salão nobre da colectividade.
“… Justa homenagem a quem tanto tem trabalhado pela colectividade. … Soldado defensor da Sociedade está no seu posto, sem um único ressentimento nem desfalecimento, desde a fundação da Sociedade. Era a consagração, o prémio ao trabalho, à devoção. Aquela homenagem tinha, além dessa significação, o exemplo às gerações vindouras que veriam, sempre que houvesse motivo para isso, o preito de reconhecimento da colectividade”.
Era casado com Ana Broeiro e teve quatro filhos: António, Felismina, Laura e Joaquim Broeiro.

ANTÓNIO DA SILVA BROEIRO (SOBRINHO)

Nasceu em Tavarede, no ano de 1909, filho de Jaime da Silva Broeiro e de Ana Broeiro.
Depois de concluída a instrução primária, tirou o curso da Escola Industrial da Figueira da Foz. Empregou-se, como tipógrafo, na Tipografia Popular, tendo sido um dos fundadores do jornal “Domingo”.
Colaborou, como amador dramático, no grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense (A Cigarra e a Formiga e O Casamento da Vasca) e como cenógrafo e decorador. Nestas duas actividades, também colaborou com o Sporting Clube Figueirense.
Em 1921, portanto com 12 anos incompletos, representou numa peça intitulada A Espadelada, que foi ensaiada por José Ribeiro e interpretada por crianças.
Desta representação temos o seguinte apontamento: “… fez um galã ingénuo e apaixonado, com arranques de alma tirados sem aparente dificuldade, movendo-se no seu papel amorudo, como se em vez dos seus dez ou onze anos, já uns dezoito ou vinte lhe trouxessem a cabeça a juros e o coração agarrado a saias em vez de a peões e papagaios ligeiros”.
Fixou residência em Sintra, onde trabalhou na Colónia Agrícola Penal António Macieira. Foi colaborador e secretário da redacção do “Jornal de Sintra”. Nesta vila “conquistou muitas simpatias e pôs em relevo a sua inteligência e aptidões, tanto no jornalismo como na execução de trabalhos artísticos. Escreveu uma peça de teatro que foi representada por amadores de Sintra”.
A Espadelada (1921)


“… E eu lembro a minha aldeia! A aldeia onde nasci, onde me criei, onde corri, despreocupado e feliz, pelos outeiros e pelos serrados; pela várzea e pela colina; ora caçando rãs nos valeiros, ora subindo aos choupos à caça de ninhos de pardal!...
... e as manhãs doiradas do sábado de aleluia em que os sinos repicavam festivos, e eu e os cachopitos da minha idade, esbaforidos, corríamos à igreja com uma caneca de água colhida no rio para que o senhor vigário Manuel Vicente no-la benzesse para as nossas mães borrifarem as casas para que o espírito maldito do bruxedo lá não entrasse...
... e nas manhãs radiosas de domingo de Páscoa, eu ia, de fato novo à marinheira, de colar engomado muito branco e laçarote pendente do pescoço, até à igreja, ouvir missa e beijar o menino Jesus que estava deitado numas palhinhas...
... mas meia hora depois, quando eu estivesse farto de andar na brincadeira, com o fato enxovalhado e porco, eu dava um doce a quem fosse capaz de olhar para mim sem sentir vontade de me bater... Era uma dó! Um fato tão bonito...
Como eu brinquei! Como eu fui feliz...”.
Casou com Laura Cândida Mendes da Silva Broeiro e teve um filho. Faleceu em Lisboa, no Hospital de S. José, no dia 13 de Dezembro de 1943.

Fotos: 1 - António da Silva Broeiro; 2 - Jaime da Silva Broeiro (em 'Ti João da Quinta', na peça 'O Sonho do Cavador - desenho do prof. Alberto de Lacerda); 3 - Na peça 'A Espadelada - 1923 - Maria José Figueiredo, António da Silva Broeiro (Sobrinho), Maria Teresa de Oliveira e António Cordeiro.

Caderno : Tavaredenses com História

Sem comentários:

Enviar um comentário