No ano de 1910, dá-se uma alteração no grupo cénico. Vicente Ferreira, amador figueirense, ensaiou algumas comédias e, tendo agradado o seu trabalho, a Sociedade de Instrução Tavaredense nomeou-o como seu ensaiador, começando a sua actividade em Fevereiro de 1911.
Até essa data, foram várias as peças representadas. Entretanto, e para concretizar os seus intentos, a direcção convocou, para finais de Novembro de 1906, uma assembleia geral extraordinária, com a finalidade de consultar os sócios sobre a conveniência de alargar mais a acção beneficente da colectividade, criando o “socorro mútuo”.
“Divergiram muito os modos de pensar, predominando mais o da inoportunidade da criação da caixa de socorro, pela exiguidade actual do fundo de reserva; pelo sacrifício a que obrigaria alguns pelo aumento previsto das quotas mensais; pelos abusos a que dava lugar a distribuição de socorros, havendo sempre queixas e reclamações, quer ela fosse equitativa, quer não; pela criação imediata do socorro mútuo como o meio mais racional de evitar muitos males e tornar mais prático o fim beneficente da Sociedade, legalizando em seguida a situação”. Como se vê, foram múltiplos os pareceres dos sócios presentes.
Procedendo-se à votação, a caixa de socorro mútuo foi rejeitada por grande número de votos. Manuel Jorge Cruz, Silvestre Monteiro da Cunha e João dos Santos, bem tentaram demonstrar as vantagens de que muitos iriam usufruir... A notícia acrescenta: “... o dono de um estabelecimento de vinhos reprovou a criação da caixa, porque o sr. Silvestre Monteiro, falando acerca do aumento da quota, disse que esse aumento seria tão insignificante que representava apenas um copo de vinho que bebiam a menos, na taberna, aos domingos”!!!
Por ocasião do 5º aniversário, a colectividade recebeu um importante donativo. O sr. Francisco Sargaço, natural de Tavarede e que havia anos se encontrava emigrado no Brasil, em São Paulo, onde exercia a actividade de construtor civil, com grande êxito, enviou para o cofre da SIT a quantia de dez mil reis, ficando logo decidido prestar-lhe uma homenagem na primeira oportunidade.
Até essa data, foram várias as peças representadas. Entretanto, e para concretizar os seus intentos, a direcção convocou, para finais de Novembro de 1906, uma assembleia geral extraordinária, com a finalidade de consultar os sócios sobre a conveniência de alargar mais a acção beneficente da colectividade, criando o “socorro mútuo”.
“Divergiram muito os modos de pensar, predominando mais o da inoportunidade da criação da caixa de socorro, pela exiguidade actual do fundo de reserva; pelo sacrifício a que obrigaria alguns pelo aumento previsto das quotas mensais; pelos abusos a que dava lugar a distribuição de socorros, havendo sempre queixas e reclamações, quer ela fosse equitativa, quer não; pela criação imediata do socorro mútuo como o meio mais racional de evitar muitos males e tornar mais prático o fim beneficente da Sociedade, legalizando em seguida a situação”. Como se vê, foram múltiplos os pareceres dos sócios presentes.
Procedendo-se à votação, a caixa de socorro mútuo foi rejeitada por grande número de votos. Manuel Jorge Cruz, Silvestre Monteiro da Cunha e João dos Santos, bem tentaram demonstrar as vantagens de que muitos iriam usufruir... A notícia acrescenta: “... o dono de um estabelecimento de vinhos reprovou a criação da caixa, porque o sr. Silvestre Monteiro, falando acerca do aumento da quota, disse que esse aumento seria tão insignificante que representava apenas um copo de vinho que bebiam a menos, na taberna, aos domingos”!!!
Por ocasião do 5º aniversário, a colectividade recebeu um importante donativo. O sr. Francisco Sargaço, natural de Tavarede e que havia anos se encontrava emigrado no Brasil, em São Paulo, onde exercia a actividade de construtor civil, com grande êxito, enviou para o cofre da SIT a quantia de dez mil reis, ficando logo decidido prestar-lhe uma homenagem na primeira oportunidade.
Naquele ano, 1909, registou-se um violento abalo de terra, que provocou diversos estragos materiais. Logo de seguida, em Maio, a Sociedade realizou um espectáculo, que foi muito concorrido, para angariação de fundos para acudir aos prejuízos verificados.
Em Abril de 1910, a homenagem, acima referida, àquele benemérito tavaredense, foi prestada com a realização de uma sessão solene e uma récita, “...apresentando-se, pela primeira vez, a orquestra da Sociedade de Instrução Tavaredense, que executou no palco um bonito ordinário. O sr. Sargaço, que há mais de dezasseis anos estava ausente da sua terra, foi muito cumprimentado pelos seus amigos e consócios”.
Julgamos que a orquestra referida teria, então, a direcção de Gentil da Silva Ribeiro. Mas, como se sabe, havia sido organizada só para abrilhantar os teatros e alguns bailes, entretanto levados a efeito.
Deixamos, aqui, mais um apontamento curioso. A escola nocturna, que, como usualmente, reabriu em Outubro, distribuiu aos seus alunos, após a implantação da República, vários “exemplares do livro O Padre na história da Humanidade. É o catecismo adoptado nesta escola”, conclue a notícia.
Desde a sua fundação até 31 de Janeiro de 1911, o grupo dramático levou a efeito 29 espectáculos. A última récita, em 28 de Janeiro de 1911, sob a orientação de João dos Santos, foi o espectáculo comemorativo do 7º aniversário. Sobre este acontecimento, aqui transcrevemos dois apontamentos. “A Voz da Justiça” diz “... foi um magnífico serão, fechando pela exibição de um trabalho de José da Silva Ribeiro, a que nós damos bastante valor. É um pequeno drama e uma grande lição que oxalá aproveite aos que, infelizmente, preferem a frequência da taberna e no jogo ao santuário da Escola. Pintando claramente as consequências funestas dos que se deixam arrastar pelo vício até à prática dos mais horrorosos crimes, termina pela apoteose à Instrução”. Por sua vez, a “Gazeta da Figueira” escreve “... uma magnífica récita, representando-se algumas comédias e uma cena dramática, original do nosso inteligente companheiro José da Silva Ribeiro, que mais uma vez mostrou as suas aptidões, combatendo as misérias da sociedade, como a taberna, onde os trabalhadores e seus filhos vão aprender os piores vícios, e aponta a Escola como um templo onde se vai buscar a melhor das riquezas, a Instrução”. José Ribeiro tinha, então, 16 anos de idade.
Terá sido o último espectáculo ensaiado por João dos Santos. A partir de Fevereiro assumiu o cargo de ensaiador o amador figueirense Vicente Ferreira. Este amador era tio de Eduardo e Alberto Ferreira, alfaiate e proprietário da Casa Oriental, respectivamente, e que foram grandes amigos e colaboradores da Sociedade de Instrução Tavaredense.
Sabemos, portanto, que a partir de 1904 só havia teatro naquela colectividade e, igualmente, algum movimento musical. A Sociedade era a colectividade da terra, tinha os fins altruístas bem conhecidos, e nela todos eram bem-vindos. Mas aqueles tempos eram de complicada política, a nível nacional, e, como todos sabem, era bastante contestado o regime monárquico então vigente. E tal como aconteceu em situações semelhantes, antes e depois, os opositores desencadeavam a sua luta em conjunto, esquecendo um pouco os ideais próprios, ambicionando, acima de tudo, o derrube da ditadura.
Aconteceu, então, o 5 de Outubro de 1910. A monarquia caíu, derrubada para sempre. E, depois dos naturais momentos de euforia e regozijo, inevitável se tornou o aparecimento das diversas correntes ideológicas, cada qual tentando fazer prevalecer os seus pontos de vista. Tavarede não foi excepção.
Republicanismo mais progressista, outro mais liberal, também alguns mais ou menos conservadores, os tavaredenses começaram a entrar em conflito. E não foi de admirar que surgisse a dissidência de uns quantos. Insatisfeitos, não se sentindo à vontade naquela colectividade, naturalmente fundaram uma outra.
Aconteceu, então, o 5 de Outubro de 1910. A monarquia caíu, derrubada para sempre. E, depois dos naturais momentos de euforia e regozijo, inevitável se tornou o aparecimento das diversas correntes ideológicas, cada qual tentando fazer prevalecer os seus pontos de vista. Tavarede não foi excepção.
Republicanismo mais progressista, outro mais liberal, também alguns mais ou menos conservadores, os tavaredenses começaram a entrar em conflito. E não foi de admirar que surgisse a dissidência de uns quantos. Insatisfeitos, não se sentindo à vontade naquela colectividade, naturalmente fundaram uma outra.
Foto: Hino da SIT, da autoria de Gentil da Silva Ribeiro
Amigo Vítor:
ResponderEliminarSerá que tu consegues apurar em que ano é que Gentil Ribeiro escreveu o Hino?
É que eu tenho, de há muito tempo, a impressão de alguma vez ter visto, não sei em quê, ou quando e onde, uma data: 1905.
É tremendamente importante confirmar ou refutar esta minha reminiscência. Se tiveres algum elemento a este respeito, por favor diz-me.
Obrigado!
J. Cascão
Meu caríssimo João
ResponderEliminarNeste caso não te posso ser útil. Não sei e não me lembro de ver em qualquer sitio a informação da data em que Gentil Ribeiro escreveu o hino.
Quanto ao teu mail, que agradeço, e sobre a música de 'Casamento da Grã Duquesa' vou tirar copia daquelas partes que tenho e deixo-as depois na tua caixa do correio. Não prometo quando...
Também envio uma cópia duma parte, sem título, para flauta e ensaio (?) coro. Não faço ideia do que seja, mas se fôr útil, muito bem.
Um abraço cá da casa
Vitor Medina