No jornalzinho 'O Poeta', publicado em Junho de 1907, José da Silva Ribeiro, que à data teria 14 anos incompletos, publicou o conto intitulado 'Os passarinhos'. Este jornalzinho, que tinha a sua redacção em Tavarede, era escrito e editado por José da Silva Ribeiro e por Anibal Nunes Cruz.
É o primeiro trabalho que encontrámos de Mestre José Ribeiro. Ja o haviamos incluido no espectáculo que a SIT apresentou aquando das comemorações dos 20 anos da morte daquele ilustre tavaredense. Como curiosidade, julgo de interesse reproduzir o referido conto neste blogue.
Os passarinhos! Habitantes das alturas, que erguem o voo até ao cume das montanhas, parecendo-nos que andam medindo as cumeadas. Como é ilimitada a vossa pátria!
Como é imenso o vosso número, e como os homens vos querem imitar tentando subir em balões ao vosso paiz. Mas o seu resultado é sempre ou quasi sempre mau.
Como o vosso cantar sereno encanta o viajante.
Avesinhas que tendo nas suas penas mil cores encantadoras, trinam durante as tardes primaveriaes e noites luarentas. Constroem os ninhos entre a folhagem das arvores.
Como ella corre, tal qual uma louca, aproveitando a palha mais flexível que encontra; vae acumulando umas após outras; ajeita-as; dá-lhe a forma de berço; aproveitam as penugens e até as penas mais leves.
Chega o momento da ave-mãe pôr os ovos. Chocam-nos os dois; nascem os novos passarinhos. Que alegria em ver as avesinhas, ainda implumes, agitarem-se!
É indicio que teem vida.
Uma das ave fica sobre os passarinhos. De manhã, ainda muito cedo, o primeiro raio de sol, ainda com pouca força, penetra furtivamente na folhagem. Acorda a mãe, e ela, cheia de alegria, sae do ninho e vae buscar sustento para seus filhos. Chega e vê que seus implumes teem vida.
Redobra a alegria.
No dia seguinte sae novamente de manhã, mas, quando chega ao ninho… vê que lhe tiraram seus filhos.
Que tristeza para ela ao ver que os homens são traidores! Ela, não se certificando, vê e revê o berço, o chão, e mesmo os ramos, julgando que fosse algum dos seus patrícios mais audaciosos. Mas não vê os filhos nem o inconsciente que lh’os tirou.
Nunca devemos tirar um ninho, porque isso é um crime, é a mesma coisa que matar um indefezo, é o mesmo que caturar um incriminado. Assim como se prende muita vez um homem por amar a liberdade, não sendo isso crime, assim se fazem também cativas as pobres aves, por amarem igualmente a liberdade. Como os cidadãos portuguezes, eles amam também essa grande mulher d’uma alma grande e bemfeitora – a liberdade.
Como é imenso o vosso número, e como os homens vos querem imitar tentando subir em balões ao vosso paiz. Mas o seu resultado é sempre ou quasi sempre mau.
Como o vosso cantar sereno encanta o viajante.
Avesinhas que tendo nas suas penas mil cores encantadoras, trinam durante as tardes primaveriaes e noites luarentas. Constroem os ninhos entre a folhagem das arvores.
Como ella corre, tal qual uma louca, aproveitando a palha mais flexível que encontra; vae acumulando umas após outras; ajeita-as; dá-lhe a forma de berço; aproveitam as penugens e até as penas mais leves.
Chega o momento da ave-mãe pôr os ovos. Chocam-nos os dois; nascem os novos passarinhos. Que alegria em ver as avesinhas, ainda implumes, agitarem-se!
É indicio que teem vida.
Uma das ave fica sobre os passarinhos. De manhã, ainda muito cedo, o primeiro raio de sol, ainda com pouca força, penetra furtivamente na folhagem. Acorda a mãe, e ela, cheia de alegria, sae do ninho e vae buscar sustento para seus filhos. Chega e vê que seus implumes teem vida.
Redobra a alegria.
No dia seguinte sae novamente de manhã, mas, quando chega ao ninho… vê que lhe tiraram seus filhos.
Que tristeza para ela ao ver que os homens são traidores! Ela, não se certificando, vê e revê o berço, o chão, e mesmo os ramos, julgando que fosse algum dos seus patrícios mais audaciosos. Mas não vê os filhos nem o inconsciente que lh’os tirou.
Nunca devemos tirar um ninho, porque isso é um crime, é a mesma coisa que matar um indefezo, é o mesmo que caturar um incriminado. Assim como se prende muita vez um homem por amar a liberdade, não sendo isso crime, assim se fazem também cativas as pobres aves, por amarem igualmente a liberdade. Como os cidadãos portuguezes, eles amam também essa grande mulher d’uma alma grande e bemfeitora – a liberdade.
Nunca devemos tirar um ninho! Nunca!... As aves só prestam serviços.
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