Natural de Tavarede, onde nasceu no dia 13 de Dezembro de 1873, foi casado com Emília Coelho de Oliveira, e morreu em 25 de Julho de 1918, com a idade de 44 anos.
Sapateiro de profissão, foi figura saliente no meio operário local e figueirense, destacando-se como acérrimo defensor dos ideais republicanos.
Teve uma importantíssima participação na vida social da sua terra. Ainda muito novo, colaborou musicalmente na Filarmónica Figueirense e, em 22 de Março de 1893, foi um dos fundadores da Estudantina Tavaredense, onde, além de organizador e regente da sua tuna, foi um dos principais amadores teatrais e, ainda, devotado dirigente.
Como esta associação acabou a sua actividade no ano de 1903, passou, tempos depois, a prestar a sua colaboração à Sociedade de Instrução, fundada em Janeiro de 1904, na qual sucedeu a João Nunes da Silva Proa na direcção da orquestra, por volta dos anos 1907/1908.
Compositor musical, foi ele o autor do hino desta última colectividade e escreveu a partitura para as operetas Na Terra do Limonete e Dona Várzea, levadas à cena em 1912 e 1913, respectivamente.
Na acta da assembleia geral de 14 de Janeiro de 1914, consta a seguinte nota: “enaltece a sua obra, ficando-lhe muito grato pelo seu esforço, quer moral quer material, em favor da sua terra, e patenteia-lhe, também, o seu reconhecimento pela educação bela e sublime que deu a seus filhos, incutindo-lhes o dever venerável do amor pela sua terra e de levar mais além o pendão generoso da Sociedade de Instrução”.
Com a implantação do regime republicano em Outubro de 1910, colaborou na fundação da secção local do Partido Republicano Português e foi eleito, por diversas vezes, para membro da Junta de Paróquia, exercendo igualmente o cargo de regedor.
Por inesperada e prematura, a sua morte foi muito sentida. “… andou há pouco tempo, mais de uma vez, adoentado, e agora, caindo ao leito novamente, mal ele supunha que seria para não mais se erguer de lá com vida. A morte fê-lo desaparecer para sempre, na quinta-feira de tarde.
Gentil Ribeiro era sapateiro, contava 45 anos, deixa viúva e filhos e era pobre. Organizou aqui várias tunas, que dirigia, e que sempre apresentava com esmero. Estava sempre pronto para todos os serviços que lhe solicitava a S.I.T., que vê nele desaparecer um elemento que lhe faz grande falta. Era um democrata seguro, pronto para todos os sacrifícios em defesa da República e, nesta freguesia, ele soube sempre ser-lhe dedicado e leal…”.
De uma outra notícia, também transcrevemos os seguintes retalhos: “…Comoveu-nos profundamente este deplorável informe. Gentil Ribeiro, operário sapateiro, a despeito da sua muita modéstia, foi sempre um firme intransigente democrata e, como tal, prestou relevantes serviços, na freguesia de Tavarede, ao Partido Republicano Português…
… o concurso do desventurado Gentil foi, por isso, prestimoso. Dele resultou igualmente o êxito de muitas das récitas que há 25 anos a esta parte vinham realizando, em Tavarede, os amadores dramáticos do seu tempo, com quem ele também representou com habilidade… Gentil Ribeiro foi durante anos editor da “Voz da Justiça” e, se não estamos em erro, do “Povo da Figueira”, escrevendo neste jornal como correspondente de Tavarede.
Correligionário de absoluta confiança, dedicado, pronto para sacrifícios, o desinteresse com que servia a República levou esta a confiar-lhe, até à revolução de Dezembro, o cargo de regedor da freguesia. Mas esta consideração não valia nada em relação ao que merecia a sua isenção de sempre e que, nesta hora em que o seu corpo arrefece e está prestes a entrar no túmulo, nos queremos afirmar num preito de justiça pela sua inolvidável memória”.
A Sociedade de Instrução, que lhe ficou a dever inestimável colaboração, prestou homenagem à sua memória em Janeiro de 1924, descerrando o seu retrato, que se encontra exposto no salão nobre. Já o havia nomeado, ainda em vida, seu sócio honorário. Também a Junta de Freguesia e a Câmara Municipal da Figueira atribuíram o seu nome a uma rua local, perto dos Quatro Caminhos do Senhor da Areeira.
Não resistimos, para terminar o apontamento dedicado a este tavaredense ilustre, a transcrever um apontamento retirado de um estudo feito pelo professor Dr. Pires de Azevedo, publicado em 1982:
“… numerosa era a família que deixava: além da viúva e de uma tia desta, na humilde casa havia ainda 7 filhos. Gente de mais, na verdade, para um modesto sapateiro de ofício, que, por isso mesmo, a obrigava a andar ao dia, noutros trabalhos: quando lhe dera o mal, labutava ele na abertura de um poço, ali na Várzea…
… E, no meio das evocações saudosas, havia sempre a memória de uma nota de espírito, a provar como era empreendedor e reinadio o falecido… Como era o caso de estímulo extremo que a um dos “coquetes” que, nos ensaios, envergonhado, sempre se escusava, proclamando-se sem jeito, sempre cantando baixinho: “Ó rapaz, canta!... Canta mais alto, carago! Ó filho da …, põe-te em cima duma cadeira, p’ra ver se cantas mais alto!”.
… Numa visita que a tuna, por ele dirigida, fizeram às adegas da terra do Padre Vicente, e por sua iniciativa, escreveram estes versos para cantarem com a música de “A Portuguesa”:
Sapateiro de profissão, foi figura saliente no meio operário local e figueirense, destacando-se como acérrimo defensor dos ideais republicanos.
Teve uma importantíssima participação na vida social da sua terra. Ainda muito novo, colaborou musicalmente na Filarmónica Figueirense e, em 22 de Março de 1893, foi um dos fundadores da Estudantina Tavaredense, onde, além de organizador e regente da sua tuna, foi um dos principais amadores teatrais e, ainda, devotado dirigente.
Como esta associação acabou a sua actividade no ano de 1903, passou, tempos depois, a prestar a sua colaboração à Sociedade de Instrução, fundada em Janeiro de 1904, na qual sucedeu a João Nunes da Silva Proa na direcção da orquestra, por volta dos anos 1907/1908.
Compositor musical, foi ele o autor do hino desta última colectividade e escreveu a partitura para as operetas Na Terra do Limonete e Dona Várzea, levadas à cena em 1912 e 1913, respectivamente.
Na acta da assembleia geral de 14 de Janeiro de 1914, consta a seguinte nota: “enaltece a sua obra, ficando-lhe muito grato pelo seu esforço, quer moral quer material, em favor da sua terra, e patenteia-lhe, também, o seu reconhecimento pela educação bela e sublime que deu a seus filhos, incutindo-lhes o dever venerável do amor pela sua terra e de levar mais além o pendão generoso da Sociedade de Instrução”.
Com a implantação do regime republicano em Outubro de 1910, colaborou na fundação da secção local do Partido Republicano Português e foi eleito, por diversas vezes, para membro da Junta de Paróquia, exercendo igualmente o cargo de regedor.
Por inesperada e prematura, a sua morte foi muito sentida. “… andou há pouco tempo, mais de uma vez, adoentado, e agora, caindo ao leito novamente, mal ele supunha que seria para não mais se erguer de lá com vida. A morte fê-lo desaparecer para sempre, na quinta-feira de tarde.
Gentil Ribeiro era sapateiro, contava 45 anos, deixa viúva e filhos e era pobre. Organizou aqui várias tunas, que dirigia, e que sempre apresentava com esmero. Estava sempre pronto para todos os serviços que lhe solicitava a S.I.T., que vê nele desaparecer um elemento que lhe faz grande falta. Era um democrata seguro, pronto para todos os sacrifícios em defesa da República e, nesta freguesia, ele soube sempre ser-lhe dedicado e leal…”.
De uma outra notícia, também transcrevemos os seguintes retalhos: “…Comoveu-nos profundamente este deplorável informe. Gentil Ribeiro, operário sapateiro, a despeito da sua muita modéstia, foi sempre um firme intransigente democrata e, como tal, prestou relevantes serviços, na freguesia de Tavarede, ao Partido Republicano Português…
… o concurso do desventurado Gentil foi, por isso, prestimoso. Dele resultou igualmente o êxito de muitas das récitas que há 25 anos a esta parte vinham realizando, em Tavarede, os amadores dramáticos do seu tempo, com quem ele também representou com habilidade… Gentil Ribeiro foi durante anos editor da “Voz da Justiça” e, se não estamos em erro, do “Povo da Figueira”, escrevendo neste jornal como correspondente de Tavarede.
Correligionário de absoluta confiança, dedicado, pronto para sacrifícios, o desinteresse com que servia a República levou esta a confiar-lhe, até à revolução de Dezembro, o cargo de regedor da freguesia. Mas esta consideração não valia nada em relação ao que merecia a sua isenção de sempre e que, nesta hora em que o seu corpo arrefece e está prestes a entrar no túmulo, nos queremos afirmar num preito de justiça pela sua inolvidável memória”.
A Sociedade de Instrução, que lhe ficou a dever inestimável colaboração, prestou homenagem à sua memória em Janeiro de 1924, descerrando o seu retrato, que se encontra exposto no salão nobre. Já o havia nomeado, ainda em vida, seu sócio honorário. Também a Junta de Freguesia e a Câmara Municipal da Figueira atribuíram o seu nome a uma rua local, perto dos Quatro Caminhos do Senhor da Areeira.
Não resistimos, para terminar o apontamento dedicado a este tavaredense ilustre, a transcrever um apontamento retirado de um estudo feito pelo professor Dr. Pires de Azevedo, publicado em 1982:
“… numerosa era a família que deixava: além da viúva e de uma tia desta, na humilde casa havia ainda 7 filhos. Gente de mais, na verdade, para um modesto sapateiro de ofício, que, por isso mesmo, a obrigava a andar ao dia, noutros trabalhos: quando lhe dera o mal, labutava ele na abertura de um poço, ali na Várzea…
… E, no meio das evocações saudosas, havia sempre a memória de uma nota de espírito, a provar como era empreendedor e reinadio o falecido… Como era o caso de estímulo extremo que a um dos “coquetes” que, nos ensaios, envergonhado, sempre se escusava, proclamando-se sem jeito, sempre cantando baixinho: “Ó rapaz, canta!... Canta mais alto, carago! Ó filho da …, põe-te em cima duma cadeira, p’ra ver se cantas mais alto!”.
… Numa visita que a tuna, por ele dirigida, fizeram às adegas da terra do Padre Vicente, e por sua iniciativa, escreveram estes versos para cantarem com a música de “A Portuguesa”:
Heróis do meu rijo povo,
Nação valente e imortal,
Dai este ano um ano brilhante
Às vindimas de Portugal!
E por entre as verdes latadas,
Ó Pátria, sente-se a voz
Das pipas dos nossos avós,
Que nos hão-de guiar às tachadas:
Brada a uva no lagar;
- aos copos, aos copos,
- aos copos, aos copos,
É beber até fartar!
Contra os tonéis, tombar, tombar!
Afinal – como são as coisas da vida – tão novo e trabalhador, tão amigo da família e divertido, tão artista e tão amante das artes, lá se finava, nesse fatídico dia 25, o Gentil da Silva Ribeiro”.
Nação valente e imortal,
Dai este ano um ano brilhante
Às vindimas de Portugal!
E por entre as verdes latadas,
Ó Pátria, sente-se a voz
Das pipas dos nossos avós,
Que nos hão-de guiar às tachadas:
Brada a uva no lagar;
- aos copos, aos copos,
- aos copos, aos copos,
É beber até fartar!
Contra os tonéis, tombar, tombar!
Afinal – como são as coisas da vida – tão novo e trabalhador, tão amigo da família e divertido, tão artista e tão amante das artes, lá se finava, nesse fatídico dia 25, o Gentil da Silva Ribeiro”.
Caderno: Tavaredenses com história
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