Novenas, illuminações, musicas, fogos do ar, exposição d’egreja, danças populares, missa a grande instrumental, cavalhadas, corridas de gericos, corridas de peões em saccos e de velocidade, e corridas de mulheres com potes, todas premiadas, tal foi o programma da festa que no sabbado, domingo e hontem, segunda feira, se realisou aqui em honra de S. João.
Passaram estes dias, passaram com elles os festejos annunciados, sem que houvesse o menor incidente perturbador da alegria e do socego do nosso povo, que teve ensejo para mostrar mais uma vez o genio pacato e ordeiro de que é dotado.
A commissão que promoveu os festejos desempenhou-se cabalmente da sua missão. Nada mais se poderia exigir do bello effeito que produzia a illuminação de sabbado, da boa ordem em que ia a numerosa cavallaria da bandeira, da animação que reinou nas corridas de hontem, e, emfim, de toda a série de distracções que realisou em proveito do povo que procura esquecer no meio das suas alegres festas as rprivações que soffre no labutar constante de cada dia.
Ainda assim, hoje, para a mocidade, nada ha mais querido do que a dança, esse divertimento em cujo rodopiar se trocam olhares fascinantes e em que os rapazes e raparigas sentem, quasi unidos, o palpitar amoroso dos seus apaixonados corações. Que importa dizerem medicos abalisados que a tysica é muitas vezes originaria da dança e que a ella se devem muitos dos cqsos succedidos por esse paiz fora? Todas essas tenebrosas affirmações pouco preocupam a mocidade, e era ver como ella, na noite de sabbado e tarde de domingo, se entregou ardentemente á expansão d’essa folia, ao som da Estudantina e formando um explendido rancho - Alegria - em que aqui e ali predominavam pares de salerosas niñas, que d’essa praia vieram associar-se garbosamente ao tributo d’homenagem que as raparigas de Tavarede dispensaram ao festejado S. João.
Uma infinidade de fieis assistiu á missa de domingo, em que foi celebrante o nosso vigário sr. J. da Costa e Silva e acolytos os revdºs. Emygdio Ramos Pinto, da Figueira, e J. N. Forte de Campos, de Villa Verde. Ouviram-se varias musicas sacras, executadas por musicos da philarmonica das Alhadas, que tomou parte nos festejos de sabbado e domingo.
Seguiu-se a formatura do cortejo da bandeira, poz-se em marcha para essa cidade e Buarcos, e regressou pelas 5 horas da tarde, quando o transito na rua Direita era enorme, acotovelando-se os forasteiros em passeio aprazivel, e quando á sombra de arvores proximas se manducavam em desprendido convivio grande numero de apetitosas merendas.
Duas horas depois, ao festivo estralejar de foguetes e ao som do hymno da Carta, vimos uma commissão composta dos srs. João Motta, João Jorge Paschoa, Antonio Marques Junior, Joaquim Miguens Fadigas, João Lopes Moço, José Maria Jorge Paschoa, Manuel Rocha e Augusto Marques, que, seguida de muito povileu, conduzia a bandeira de S. João, annunciando por isso a realisação dos festejos no proximo anno.
Porem, a tarde de hontem foi, a nosso vêr, a que mais agradou, porque todas as corridas que houve foram verdadeiramente engraçadas, principalmente as de burro, saccos e potes. Os espectadores conservaram-se sempre em perfeita hilaridade, provocada pelas continuas scenas de graça que se desenrolavam a cada instante.
Todos os vencedores eram enthusiasticamente saudados pela lendaria philarmonica Zé P’reira, essa genuina musica portugueza que é a alma das festas populares.
E assim acabaram pelas 8 horas e meia, quando a noite nos cobria com o seu azullado manto de estrellas, as festas que uma briosa commissão levou a effeito, embora tardiamente, mas que tem em sua defeza o velho rifão que nos diz que: O S. João a todo o tempo tem vez.
A toda essa commissão, ása pessoas que valiosamente a coadjuvaram, ás raparigas que organisaram o Alegria e á Estudantina, cumpre-nos enviar muitos parabens pelo exito brilhante que alcançaram os festejos, por cuja realisação algumas vezes pugnámos n’este logar.
O sr. regedor d’esta freguezia não deve por fórma alguma deixar de castigar os cocheiros que no domingo desobedeceram ás suas ordens, transitando com os carros pela rua Direita, entre grande agglomeração de povo, de quem ouvimos muitos protestos contra tal serviço.
(Gazeta da Figueira - 2.Agosto.1899)
Passaram estes dias, passaram com elles os festejos annunciados, sem que houvesse o menor incidente perturbador da alegria e do socego do nosso povo, que teve ensejo para mostrar mais uma vez o genio pacato e ordeiro de que é dotado.
A commissão que promoveu os festejos desempenhou-se cabalmente da sua missão. Nada mais se poderia exigir do bello effeito que produzia a illuminação de sabbado, da boa ordem em que ia a numerosa cavallaria da bandeira, da animação que reinou nas corridas de hontem, e, emfim, de toda a série de distracções que realisou em proveito do povo que procura esquecer no meio das suas alegres festas as rprivações que soffre no labutar constante de cada dia.
Ainda assim, hoje, para a mocidade, nada ha mais querido do que a dança, esse divertimento em cujo rodopiar se trocam olhares fascinantes e em que os rapazes e raparigas sentem, quasi unidos, o palpitar amoroso dos seus apaixonados corações. Que importa dizerem medicos abalisados que a tysica é muitas vezes originaria da dança e que a ella se devem muitos dos cqsos succedidos por esse paiz fora? Todas essas tenebrosas affirmações pouco preocupam a mocidade, e era ver como ella, na noite de sabbado e tarde de domingo, se entregou ardentemente á expansão d’essa folia, ao som da Estudantina e formando um explendido rancho - Alegria - em que aqui e ali predominavam pares de salerosas niñas, que d’essa praia vieram associar-se garbosamente ao tributo d’homenagem que as raparigas de Tavarede dispensaram ao festejado S. João.
Uma infinidade de fieis assistiu á missa de domingo, em que foi celebrante o nosso vigário sr. J. da Costa e Silva e acolytos os revdºs. Emygdio Ramos Pinto, da Figueira, e J. N. Forte de Campos, de Villa Verde. Ouviram-se varias musicas sacras, executadas por musicos da philarmonica das Alhadas, que tomou parte nos festejos de sabbado e domingo.
Seguiu-se a formatura do cortejo da bandeira, poz-se em marcha para essa cidade e Buarcos, e regressou pelas 5 horas da tarde, quando o transito na rua Direita era enorme, acotovelando-se os forasteiros em passeio aprazivel, e quando á sombra de arvores proximas se manducavam em desprendido convivio grande numero de apetitosas merendas.
Duas horas depois, ao festivo estralejar de foguetes e ao som do hymno da Carta, vimos uma commissão composta dos srs. João Motta, João Jorge Paschoa, Antonio Marques Junior, Joaquim Miguens Fadigas, João Lopes Moço, José Maria Jorge Paschoa, Manuel Rocha e Augusto Marques, que, seguida de muito povileu, conduzia a bandeira de S. João, annunciando por isso a realisação dos festejos no proximo anno.
Porem, a tarde de hontem foi, a nosso vêr, a que mais agradou, porque todas as corridas que houve foram verdadeiramente engraçadas, principalmente as de burro, saccos e potes. Os espectadores conservaram-se sempre em perfeita hilaridade, provocada pelas continuas scenas de graça que se desenrolavam a cada instante.
Todos os vencedores eram enthusiasticamente saudados pela lendaria philarmonica Zé P’reira, essa genuina musica portugueza que é a alma das festas populares.
E assim acabaram pelas 8 horas e meia, quando a noite nos cobria com o seu azullado manto de estrellas, as festas que uma briosa commissão levou a effeito, embora tardiamente, mas que tem em sua defeza o velho rifão que nos diz que: O S. João a todo o tempo tem vez.
A toda essa commissão, ása pessoas que valiosamente a coadjuvaram, ás raparigas que organisaram o Alegria e á Estudantina, cumpre-nos enviar muitos parabens pelo exito brilhante que alcançaram os festejos, por cuja realisação algumas vezes pugnámos n’este logar.
O sr. regedor d’esta freguezia não deve por fórma alguma deixar de castigar os cocheiros que no domingo desobedeceram ás suas ordens, transitando com os carros pela rua Direita, entre grande agglomeração de povo, de quem ouvimos muitos protestos contra tal serviço.
(Gazeta da Figueira - 2.Agosto.1899)
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