100 ANOS – AO SERVIÇO DO POVO… E CAMINHANDO…
“Ontem, Hoje e Amanhã é o título da peçazita que se ensaia para a comemoração das “Bodas-de-Diamante”.
Ontem – a obra realizada; a certeza do Hoje fizemo-la com o Ontem; com a consciência de Hoje construir-se-á o Amanhã.
Uma nova jornada de 25 anos vai iniciar-se – para o Centenário. Aos rapazes e raparigas que são a seiva renovada e renovadora do Teatro de Tavarede, aos homens e mulheres a quem os anos não cansaram e aos que entraram na velhice e são ainda vigorosos de corpo e de espírito e na Sociedade de Instrução Tavaredense são força e guia, este livro pretende ser incentivo, encorajamento a prosseguir no rumo dos 75 anos, conscientes da utilidade social – ao Serviço do Povo – da nossa Colectividade. Para o autor, este livro das “Bodas-de-Diamante” tem o sabor doce-amargo da despedida, sentado na estrada a ver passar a marcha para o Centenário, com a mala pronta, como antes, para seguir a doce “Irmã-Morte” que já se avista e serenamente se aguarda”.
Foi desta forma que, em 1979, quando se iniciavam as comemorações festivas das “Bodas-de-Diamante” da Sociedade de Instrução Tavaredense, Mestre José da Silva Ribeiro terminou o seu segundo livro sobre a história da nossa Colectividade. Deu-lhe, então, o título de “75 Anos... e Caminhando”.
Já antes, por ocasião das “Bodas-de-Ouro”, em Janeiro de 1965, havia publicado o primeiro volume, que intitulou, muito apropriadamente, “50 Anos ao Serviço do Povo”. Com estes dois trabalhos, a história da Sociedade de Instrução Tavaredense está perpetuada para todo o sempre. Havia, portanto, que dar-lhe a merecida continuidade.
E nada mais justo, parece-nos, que com os títulos que o Mestre deu aos seus livros, uni-los e dar o nome ao livro publicado pelo Centenário. Foi isso que foi feito. E agora continuemos a nossa história.
E porque julgamos muito interessante, ainda, e relativamente às comemorações das ‘Bodas de Diamante’, aqui transcrevemos as palavras pronunciadas na sessão solene pelo nosso Padre António Matos Fernandes: “Eu estou aqui como Pároco de Tavarede, mas não para falar da Igreja, daquilo que a Igreja realiza com os erros dos homens certamente, mas com a Igreja com a actualidade no presente também, que recordamos até esta campanha em que andamos metidos do Ano Internacional da Criança em que temos a honra de a Igreja de Tavarede ter avançado primeiramente aqui no nosso concelho. Ainda ontem a Igreja de Tavarede esteve presente com a sua Catequese na Figueira.
Mas não venho aqui falar de Igreja. Também queria pedir muita desculpa de hoje eu não vir aqui falar de vós que sois de Tavarede, embora possa falar de vós que sois de Tavarede. Mas não vos venho falar directamente. Eu queria sobretudo que as minhas palavras fossem para o Senhor Secretário de Estado da Cultura, Dr. David Mourão Ferreira. A V.Exª eu quero dirigir-me de uma maneira especial. Em primeiro lugar para o saudar como ilustre membro do IV Governo Constitucional. Para lhe dizer que nós respeitamos a autoridade legitimamente constituida e que no Mundo em que depois de tantas mudanças, de tantas ilusões e de tantas desilusões, nós acreditamos neste punhado de homens competentes que além de muitos outros méritos têm o mérito de não ter medo. Eu penso que é muito importante. Por tudo isto eu saúdo V.Exª e queria lembrar à maneira de uma vivência pessoal deste pouco tempo em que estou aqui em Tavarede, queria lembrar alguma coisa desta gente. Queria lembrar que é gente simples, trabalhadora, que não vem aqui para o palco tecer um hino ao trabalho apenas de uma maneira teórica, mas porque o sente bem nas suas mãos, nos seus campos, na sua casa, nas oficinas, nos escritórios, sente o peso do trabalho, mas porque não encara o trabalho como um peso, tece um hino ao trabalho, esse trabalho que pode transformar o Mundo e que tem de ser, ele, o único a transformar este Portugal em que nós estamos. É gente bem educada, gente correcta, gente delicada, atenciosa. E eu digo isto tudo, não é para que eles depois digam que eu estive a dizer bem deles, não é por uma questão de emulação, mas é numa atitude de sinceridade, porque no convívio com eles em cada um tenho um amigo, por isso posso testemunhar todos estes predicados da boa gente de Tavarede.
Gente com um certo nível de cultura. Que ultrapassou um pouco aquele tempo da instrução primária, nós já sabemos porquê e já diremos porquê. Gente polida nas suas maneiras, é gente que sabe viver em grupo, em comunidade. Eu considero este ponto importantíssimo para uma comunidade em que as pessoas se isolam, em que cada uma não pensa única e simplesmente nas suas coisas, na sua casa. Tantas vezes à noite eu os vejo passar para esta casa, deixando as suas coisas. Mas é uma sociedade, é um grupo, é uma comunidade, é uma família. E até ainda neste aspecto de família, eu queria dar um testemunho muito grande. Quando há trabalho na Igreja, e independentemente das suas profissões religiosas, independentemente dos seus credos políticos, damo-nos as mãos mutuamente e tantas vezes eu tenho vindo aqui e eles me perguntam: - Então, Senhor Padre, quando é trabalho, tal coisa? Veja lá, marquemos com tempo, para depois podermos ser todos a trabalhar. Isto é importantíssimo numa terra, e é consolador para mim que sou o Pároco desta terra que é a minha.
Gente que trabalha em comum. Eu não tenho dúvidas nenhumas em dizer que todos estes valores humanos se devem a uma espécie de pequena Universidade que temos cá na terra, e a um magnífico Reitor. Eu refiro-me à Sociedade de Instrução Tavaredense e ao meu grande amigo José Ribeiro. Sociedade colocada aqui num alto, no cimo de Tavarede, como que a indicar uma espécie de Santuário para onde se dirige, para onde se congrega toda esta gente de Tavarede. Fica no alto para indicar que a vida tem de ser uma caminhada constante e que temos de sair daqueles individualismos, daquela mediania, duma vida lá em baixo. Sociedade colocada cá no alto, como que a servir de apelo para que vida possa ser mais alguma coisa do que fecharmo-nos em nós próprios. Esta Sociedade, este centro de encontro, colocado aqui no alto, à maneira da lareira onde as famílias se reunem para se aquecerem em comum, para falarem, para conversarem, para saberem dialogar, para falarem das suas coisas e aprenderem também as suas coisas, com os mestres e com o mestre. Esta casa importante, importante pelo que já ouvimos aqui dizer, pelas letras que começou a ensinar, a cultura do espírito, porque um povo sem cultura é um povo sem valor. Sociedade importante pelos seus teatros, pela Cultura que vai dando a esta gente, e eu dizia que ultrapassou a instrução primária precisamente devido a este trabalho aqui, neste palco de Tavarede. Está a dar os seus passos também no Desporto e é local de convívio desde que devidamente orientado e desde que as coisas sejam levadas com a devida correcção. O Desporto pode ser educação desde que não seja levado com paixão.
Tem esta casa, portanto, prestado altos serviços ao povo de Tavarede, ao povo da nossa terra. Por isso ela é digna da nossa admiração, do nosso respeito. Por isso mesmo esta casa merece e tem todo o direito de exigir os bons olhos e uma atenção especial da parte dos departamentos governamentais. E eu acredito, Senhor Secretário de Estado, que V.Exª certamente terá tudo isto muito em conta. Esta Casa merece a atenção da parte do Governo. Não foram eles que me pediram nada disto. Mas sou eu que na minha maneira de ver as coisas como homem que sou do tempo de hoje, empenhado nos problemas do tempo de hoje, entendo que esta Casa também merece a atenção do Governo. 75 anos ao serviço do povo. 75 anos repassados de trabalho numa educação constante do trabalho. 75 anos celebrados com uma peça que foi, ela também, um hino ao trabalho. Um hino à união de todos, naquela imagem do trabalho e do campo. Um hino à esperança, na mensagem de esperança na criança que aparece, a alegria da família. E a vida sem esperança é uma vida sem sentido. A esperança que dá sentido, a esperança que é o sol que ilumina, a esperança que é um apelo à energia, porque quando há esperança há sempre um pouco mais de força para ir mais além, a esperança que tem de ser o indicativo dum caminho. Esta peça indica. E a Sociedade de Instrução Tavaredense vai continuar. Esta peça indica que este bom povo de Tavarede vai continuar a contar com o bom trabalho desta Casa. Por isso eu hoje como Pároco, como amigo desta terra, saúdo esta Casa que é também a minha Casa. Para o senhor Secretário de Estado e juntamente também para esta nossa Sociedade de Instrução Tavaredense, que está a celebrar os seus 75 anos, eu pedia uma salva de palmas.
“Ontem, Hoje e Amanhã é o título da peçazita que se ensaia para a comemoração das “Bodas-de-Diamante”.
Ontem – a obra realizada; a certeza do Hoje fizemo-la com o Ontem; com a consciência de Hoje construir-se-á o Amanhã.
Uma nova jornada de 25 anos vai iniciar-se – para o Centenário. Aos rapazes e raparigas que são a seiva renovada e renovadora do Teatro de Tavarede, aos homens e mulheres a quem os anos não cansaram e aos que entraram na velhice e são ainda vigorosos de corpo e de espírito e na Sociedade de Instrução Tavaredense são força e guia, este livro pretende ser incentivo, encorajamento a prosseguir no rumo dos 75 anos, conscientes da utilidade social – ao Serviço do Povo – da nossa Colectividade. Para o autor, este livro das “Bodas-de-Diamante” tem o sabor doce-amargo da despedida, sentado na estrada a ver passar a marcha para o Centenário, com a mala pronta, como antes, para seguir a doce “Irmã-Morte” que já se avista e serenamente se aguarda”.
Foi desta forma que, em 1979, quando se iniciavam as comemorações festivas das “Bodas-de-Diamante” da Sociedade de Instrução Tavaredense, Mestre José da Silva Ribeiro terminou o seu segundo livro sobre a história da nossa Colectividade. Deu-lhe, então, o título de “75 Anos... e Caminhando”.
Já antes, por ocasião das “Bodas-de-Ouro”, em Janeiro de 1965, havia publicado o primeiro volume, que intitulou, muito apropriadamente, “50 Anos ao Serviço do Povo”. Com estes dois trabalhos, a história da Sociedade de Instrução Tavaredense está perpetuada para todo o sempre. Havia, portanto, que dar-lhe a merecida continuidade.
E nada mais justo, parece-nos, que com os títulos que o Mestre deu aos seus livros, uni-los e dar o nome ao livro publicado pelo Centenário. Foi isso que foi feito. E agora continuemos a nossa história.
E porque julgamos muito interessante, ainda, e relativamente às comemorações das ‘Bodas de Diamante’, aqui transcrevemos as palavras pronunciadas na sessão solene pelo nosso Padre António Matos Fernandes: “Eu estou aqui como Pároco de Tavarede, mas não para falar da Igreja, daquilo que a Igreja realiza com os erros dos homens certamente, mas com a Igreja com a actualidade no presente também, que recordamos até esta campanha em que andamos metidos do Ano Internacional da Criança em que temos a honra de a Igreja de Tavarede ter avançado primeiramente aqui no nosso concelho. Ainda ontem a Igreja de Tavarede esteve presente com a sua Catequese na Figueira.
Mas não venho aqui falar de Igreja. Também queria pedir muita desculpa de hoje eu não vir aqui falar de vós que sois de Tavarede, embora possa falar de vós que sois de Tavarede. Mas não vos venho falar directamente. Eu queria sobretudo que as minhas palavras fossem para o Senhor Secretário de Estado da Cultura, Dr. David Mourão Ferreira. A V.Exª eu quero dirigir-me de uma maneira especial. Em primeiro lugar para o saudar como ilustre membro do IV Governo Constitucional. Para lhe dizer que nós respeitamos a autoridade legitimamente constituida e que no Mundo em que depois de tantas mudanças, de tantas ilusões e de tantas desilusões, nós acreditamos neste punhado de homens competentes que além de muitos outros méritos têm o mérito de não ter medo. Eu penso que é muito importante. Por tudo isto eu saúdo V.Exª e queria lembrar à maneira de uma vivência pessoal deste pouco tempo em que estou aqui em Tavarede, queria lembrar alguma coisa desta gente. Queria lembrar que é gente simples, trabalhadora, que não vem aqui para o palco tecer um hino ao trabalho apenas de uma maneira teórica, mas porque o sente bem nas suas mãos, nos seus campos, na sua casa, nas oficinas, nos escritórios, sente o peso do trabalho, mas porque não encara o trabalho como um peso, tece um hino ao trabalho, esse trabalho que pode transformar o Mundo e que tem de ser, ele, o único a transformar este Portugal em que nós estamos. É gente bem educada, gente correcta, gente delicada, atenciosa. E eu digo isto tudo, não é para que eles depois digam que eu estive a dizer bem deles, não é por uma questão de emulação, mas é numa atitude de sinceridade, porque no convívio com eles em cada um tenho um amigo, por isso posso testemunhar todos estes predicados da boa gente de Tavarede.
Gente com um certo nível de cultura. Que ultrapassou um pouco aquele tempo da instrução primária, nós já sabemos porquê e já diremos porquê. Gente polida nas suas maneiras, é gente que sabe viver em grupo, em comunidade. Eu considero este ponto importantíssimo para uma comunidade em que as pessoas se isolam, em que cada uma não pensa única e simplesmente nas suas coisas, na sua casa. Tantas vezes à noite eu os vejo passar para esta casa, deixando as suas coisas. Mas é uma sociedade, é um grupo, é uma comunidade, é uma família. E até ainda neste aspecto de família, eu queria dar um testemunho muito grande. Quando há trabalho na Igreja, e independentemente das suas profissões religiosas, independentemente dos seus credos políticos, damo-nos as mãos mutuamente e tantas vezes eu tenho vindo aqui e eles me perguntam: - Então, Senhor Padre, quando é trabalho, tal coisa? Veja lá, marquemos com tempo, para depois podermos ser todos a trabalhar. Isto é importantíssimo numa terra, e é consolador para mim que sou o Pároco desta terra que é a minha.
Gente que trabalha em comum. Eu não tenho dúvidas nenhumas em dizer que todos estes valores humanos se devem a uma espécie de pequena Universidade que temos cá na terra, e a um magnífico Reitor. Eu refiro-me à Sociedade de Instrução Tavaredense e ao meu grande amigo José Ribeiro. Sociedade colocada aqui num alto, no cimo de Tavarede, como que a indicar uma espécie de Santuário para onde se dirige, para onde se congrega toda esta gente de Tavarede. Fica no alto para indicar que a vida tem de ser uma caminhada constante e que temos de sair daqueles individualismos, daquela mediania, duma vida lá em baixo. Sociedade colocada cá no alto, como que a servir de apelo para que vida possa ser mais alguma coisa do que fecharmo-nos em nós próprios. Esta Sociedade, este centro de encontro, colocado aqui no alto, à maneira da lareira onde as famílias se reunem para se aquecerem em comum, para falarem, para conversarem, para saberem dialogar, para falarem das suas coisas e aprenderem também as suas coisas, com os mestres e com o mestre. Esta casa importante, importante pelo que já ouvimos aqui dizer, pelas letras que começou a ensinar, a cultura do espírito, porque um povo sem cultura é um povo sem valor. Sociedade importante pelos seus teatros, pela Cultura que vai dando a esta gente, e eu dizia que ultrapassou a instrução primária precisamente devido a este trabalho aqui, neste palco de Tavarede. Está a dar os seus passos também no Desporto e é local de convívio desde que devidamente orientado e desde que as coisas sejam levadas com a devida correcção. O Desporto pode ser educação desde que não seja levado com paixão.
Tem esta casa, portanto, prestado altos serviços ao povo de Tavarede, ao povo da nossa terra. Por isso ela é digna da nossa admiração, do nosso respeito. Por isso mesmo esta casa merece e tem todo o direito de exigir os bons olhos e uma atenção especial da parte dos departamentos governamentais. E eu acredito, Senhor Secretário de Estado, que V.Exª certamente terá tudo isto muito em conta. Esta Casa merece a atenção da parte do Governo. Não foram eles que me pediram nada disto. Mas sou eu que na minha maneira de ver as coisas como homem que sou do tempo de hoje, empenhado nos problemas do tempo de hoje, entendo que esta Casa também merece a atenção do Governo. 75 anos ao serviço do povo. 75 anos repassados de trabalho numa educação constante do trabalho. 75 anos celebrados com uma peça que foi, ela também, um hino ao trabalho. Um hino à união de todos, naquela imagem do trabalho e do campo. Um hino à esperança, na mensagem de esperança na criança que aparece, a alegria da família. E a vida sem esperança é uma vida sem sentido. A esperança que dá sentido, a esperança que é o sol que ilumina, a esperança que é um apelo à energia, porque quando há esperança há sempre um pouco mais de força para ir mais além, a esperança que tem de ser o indicativo dum caminho. Esta peça indica. E a Sociedade de Instrução Tavaredense vai continuar. Esta peça indica que este bom povo de Tavarede vai continuar a contar com o bom trabalho desta Casa. Por isso eu hoje como Pároco, como amigo desta terra, saúdo esta Casa que é também a minha Casa. Para o senhor Secretário de Estado e juntamente também para esta nossa Sociedade de Instrução Tavaredense, que está a celebrar os seus 75 anos, eu pedia uma salva de palmas.
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