sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sociedade de Instrução Tavaredense - 60


Se as “Bodas de Ouro” haviam sido comemoradas com enorme brilhantismo, pode dizer-se que em nada desmereceram as comemorações das “Bodas de Diamante”.

Em Outubro de 1978 foi feita a apresentação do programa. “… Com um passado inteiramente dedicado à divulgação da Cultura, o nome da colectividade é conhecido em bastantes cidades, vilas e aldeias do País, principalmente através do seu grupo cénico, o qual, desde a sua fundação, sempre tem colaborado com as mais diversas associações de assistência e colectividades populares. Aproximando-se essa comemoração, a Direcção resolveu juntar a si um grupo de sócios com o fim de elaborar um programa comemorativo, de acordo com o passado de que Tavarede tanto se orgulha…”. Os principais actos então anunciados foram: início das comemorações, em 1 de Dezembro de 1978, com uma exposição evocativa; publicação de um livro em continuação ao “50 Anos ao Serviço do Povo”; estreia, em Janeiro, de uma nova peça escrita pelo director cénico, na linha das anteriormente dedicadas à história de Tavarede; espectáculos culturais e desportivos; confraternização de sócios e amigos, etc.

Com uma notícia em que largamente descreve a actividade da Sociedade de Instrução Tavaredense, o jornal “A Voz da Figueira”, comentando o programa apresentado e depois de recordar alguns dos principais acontecimentos do passado, escreve: “… Quem ousará, portanto, pôr em dúvida de que são, na verdade, notáveis as Bodas de Diamante da SIT? Ou negar que elas constituem a concludente e irrefutável prova do invulgar amor ao teatro, do bairrismo e da perseverança no esforço colectivo, mesmo dirigido apenas às coisas do espírito, da gente da terra do limonete?”.
Bodas de Diamante - A Mesa que presidiu à Sessão Solene

Foram, efectivamente, notáveis, as Bodas de Diamante. Salientemos, no entanto, somente três eventos: o lançamento do livro “75 Anos… e Caminhando”; o espectáculo de gala, com a fantasia “Ontem, Hoje e Amanhã”; e a sessão solene.

O livro, no seguimento de “50 Anos ao Serviço do Povo”, dá-nos, como só José Ribeiro o sabia fazer, a panorâmica completa da vida da colectividade ao longo dos seus 75 anos. “Um acto profundamente transcendente o trabalho executado pelo nosso querido Mestre José da Silva Ribeiro”, escreveu-se no relatório da Direcção.

Mestre José Ribeiro recebe das mão do Dr. David Mourão-Ferreira a Medalha de Ouro da Cidade da Figueira da Foz

“… com todos os elementos de agrado – variedade de assuntos, numa sucessão de cenas diferentes da história local de ontem e de hoje, de comentário alegre, de fantasia, que decorrem num conjunto de alegria, graça e beleza, com cenários sugestivos, música bonita, belo guarda-roupa, e numa interpretação excelente em que se admira um conjunto de 40 figuras em cena…”. Este foi um dos comentários então publicados na imprensa figueirense sobre o espectáculo apresentado.


A sessão solene, “o número mais brilhante do programa”, foi presidida pelo Secretário de Estado da Cultura, Professor Doutor David Mourão-Ferreira. Além da efeméride que se comemorava, outro acontecimento dominou esta sessão. Mestre José Ribeiro acedera a receber publicamente a “Medalha de Ouro da Cidade”, que a Câmara Municipal lhe atribuíra “numa justa homenagem ao Homem que de alma e coração se tem devotado, especialmente através do Teatro, à grande causa educativa que tanto enobrece a Sociedade de Instrução Tavaredense”.


“… Não é a minha presença que confere qualquer espécie de honra a este acto. Pelo contrário, eu é que me sinto particularmente honrado de ter vindo aqui a Tavarede, de ter ontem assistido à peça “Ontem, Hoje e Amanhã” e de ter tido ocasião de contactar com o povo de Tavarede e de ver não só o seu grau de cultura e educação cívica que esse povo tem – e isso já eu o sabia – mas de ver também os tesouros de sensibilidade que esse mesmo povo guarda dentro de si. E devo acrescentar que me emocionou particularmente ver ainda há pouco, quando o sr. José Ribeiro era alvo desta homenagem, que havia lágrimas em muitos olhos.


Seja como for, desempenhasse ou não as funções que desempenho agora, seria sempre meu dever, como simples cidadão interessado nos problemas da Cultura do nosso País, associar-me de qualquer modo que fosse à pública celebração da data de hoje…”. Estas citações são pequena parte do discurso proferido pelo Dr. Mourão-Ferreira ao encerrar a sessão solene das Bodas de Diamante.

Termina, aqui, a nossa tarefa de recordar um pouco do passado da Sociedade de Instrução Tavaredense. Muito, mesmo muito mais, haveria a recordar. Mas aquilo que ao longo destes 69 capítulos recordámos, chega, de sobejo, para se aquilatar o glorioso passado desta colectividade e, também, tudo quanto, no decorrer de mais de dois séculos, se tem feito em prol da cultura do povo da terra do limonete e, simultaneamente, da acção educativa e beneficente desta gloriosa Sociedade, afinal, uma extraordinária e digna continuadora das tradições culturais em Tavarede.

(Felizmente, a Sociedade de Instrução Tavaredense continua viva e activa. As historietas que tenho contado foram até às Bodas de Diamante. Há mais. Já ultrapassámos o Centenário. As nossas histórias vão continuar, pois ainda há muito que contar)

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